O socialismo é um sistema político e econômico que põe em prática uma doutrina político/econômica que prega a coletivização dos meios de produção e de distribuição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais.
O comunismo, por outro lado, seria o resultado da implantação das ideias socialistas, onde o objetivo principal é a busca da igualdade entre os membros da sociedade. Assim, o governo, que estaria formado pela classe trabalhadora, seria o proprietário e teria o poder decisório em todos os assuntos.
Nesse artigo, queremos, rapidamente expor o surgimento e as formas com que o socialismo foi empregado pela história, sem o intuito de aprofundar ou defender esse modelo sócio-econômico.
A Consciência de Classe como base do Socialismo.
Karl Marx e Friedrich Engels afirmavam que os trabalhadores tinham que tomar consciência de sua condição de explorados, e para entender isso, é importante entender o contexto social da Europa no final do Século XIX.
Os avanços tecnológicos no final do século XIX possibilitaram melhorias nas condições de vida, mas que não estavam à disposição de todos, ampliando as diferenças sociais entre a burguesia e os operários.
A burguesia era proprietária de grandes indústrias ou de instituições bancárias, sendo os principais consumidores dos novos produtos industrializados de luxo. Amparada pela condição econômica a burguesia consumia os avanços tecnológicos rapidamente, assim como o ensino universitário e bastante tempo para o lazer em teatros, óperas e saraus.
Porém, os operários viviam uma realidade oposta, vivendo em bairros sem rede de esgoto, nem abastecimento de água e gás, e localizados próximos das fábricas, o que acarretava em problemas de saúde, devido à poluição e falta de higiene.
O cotidiano dos trabalhadores nas fábricas durante a Segunda Revolução Industrial foi marcado por uma rotina da trabalho extenuante e repetitiva, tanto para mulheres, homens ou crianças, que recebiam baixos salários, viviam num ambiente insalubre e sujeitos a maus tratos.
Frente a essa situação, ao longo de século XIX e início do século XX, os operários passaram por um processo de tomada de consciência enquanto classe social. Eles passaram a lutar por direitos e condições dignas de trabalho. Nasceram assim, ideologias políticas e movimentos sindicais comprometidos com a causa operária.
O Começo do Socialismo.
O socialismo surgiu dentre algumas propostas de reorganização social que emergiram entre os intelectuais europeus de século XIX que conheciam a realidade social de seu tempo e discordavam das condições de trabalho impostas aos proletários.
Por isso alguns deles propuseram várias alternativas para a organização da sociedade, dentre elas o socialismo e o anarquismo, que logo começaram a se entremear e a criar variantes com doutrinas e práticas diferentes apesar de algumas interseções.
Entre esses intelectuais, estavam os alemães Karl Marx e Friedrich Engels, que propuseram um novo modo de organizar a sociedade, baseado no materialismo histórico, teoria que defende que a ordem social é definida pelo meio de produção e de troca dessa sociedade.
Durante a Segunda Revolução Industrial, os capitalistas, ou seja, os donos dos meios de produção, lucravam e enriqueciam com a exploração do trabalho dos proletários.
Marx e Engels afirmavam que, para transformar essa realidade, seria necessário mudar a maneira como a sociedade estava organizada.
Eles defendiam a extinção da propriedade privada e acreditavam que as fábricas deveriam pertencer àqueles que nelas trabalhavam, ou seja, aos operários.
O Que Eram os Socialistas Utópicos?
Os socialistas utópicos eram pensadores que, a partir do final do século XVIII, defenderam a possibilidade da eliminação das desigualdades sociais sem a necessidade de uma violenta revolução operária.
Entre os socialista utópicos, destacaram-se os franceses Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772 – 1837) e Louis Blanc (1811 – 1882) e o britânico Robert Owen (1771 – 1858).
Robert Owen, inclusive, se destaca pela tentativa de implantar, em uma fábrica na vila de New Lanark, na Escócia, melhorias para os operários, como a redução da jornada de trabalho de dezesseis para dez horas diárias, a construção de moradias para as dos trabalhadores e a fundação de uma cooperativa.
O Socialismo Científico de Karl Marx e Friedrich Engels
De acordo com o materialismo histórico, a transformação da sociedade capitalista em socialista teria de ser feita pelos próprios proletários, que, por sua vez, tomariam o poder e direcionariam as políticas de Estado para atender às suas necessidades, o que possibilitaria a construção de uma nova sociedade, diferentemente dos socialistas utópicos.
O socialismo científico, também chamado de socialismo marxista, é uma teoria política, social e econômica. Ele foi criado em 1840 por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).
Como o próprio nome indica, esse modelo esteve baseado na análise científica e crítica do sistema capitalista, tendo como objetivo principal a transformação da sociedade a partir de uma análise profunda de suas relações econômicas, políticas e sociais.
A obra de Karl Marx intitulada “O Capital” (1867) foi a mais emblemática desse período, sendo nela onde Marx faz uma análise do sistema capitalista e aborda diversos temas como: a luta de classes; a mais valia; a divisão social do trabalho; e a produção do capital.
Além dela, o “Manifesto Comunista”, publicado em 1848 por Karl Marx e Friedrich Engels, reunia os princípios e objetivos dessa teoria.
Em suma, Marx e Engels diziam que a sociedade européia do século XIX era composta principalmente por duas classes sociais: a dos capitalistas e a dos operários, isto é, a burguesia e o proletariado que, por possuírem interesses opostos, viviam em constante luta.
Além destas duas classes sociais, havia a classe média e a nobreza. Para esses dois filósofo, a classe média não tinha uma ideologia própria, associando-se à burguesia, ora ao proletariado, sempre de acordo com os interesses do momento. Já a nobreza, apesar de economicamente enfraquecida pelo avanço da burguesia, ainda detinha importância política.
Como a Rússia se Tornou a Grande Potência Comunista?
Até a segunda metade do século XIX, a sociedade russa era essencialmente agrária. O império era governado por um regime autocrático, centralizado na figura do czar. Mais de 80% da população era formada por camponeses pobres, que estavam sujeitos à fome e ao analfabetismo.
No final daquele século intensificou-se o desenvolvimento industrial do Império Russo. Com isso, muitos camponeses foram atraídos para as cidades, formando uma classe social de operários mal remunerados defronte a uma burguesia industrial enriquecida.
Esse contraste propiciou a difusão de ideologias com o socialismo, inspirado nas ideias de Karl Marx.
Logo, surgiram partidos de oposição à autocracia do czar Nicolau II, liderados pelo Partido Operário Social-Democrata Russo que se dividiu entre bolcheviques (liderados por Lenin) e mencheviques.
Enquanto os bolcheviques defendiam mudanças radicais no governo, a derrubada do czar e o estabelecimento do socialismo por meio de uma revolução feita pelo proletariado, os mencheviques acreditavam em reformas graduais feitas por meio da aliança entre o proletariado emergente e a burguesia russa até atingir o socialismo.
No começo do Século XX o Império Russo se envolveu numa guerra com o Japão pela Coréia e a Manchúria que o debilitou militar e economicamente, agravando as condições de vida da maioria da população pobre.
Foi o estopim para reformas populares e greves que foram duramente reprimidas por tropas imperiais até culminar no fatídico Domingo Sangrento, onde crianças, mulheres e homens que se manifestavam contra o czar foram brutalmente assassinos sob a ordem do próprio czar.
A entrada do Império Russo na Primeira Guerra Mundial aumentou a pobreza da população chegando a uma onda de fome no inverno de 1917 e a um caos social que culminaria na queda do regime czarista.
O regime czarista deu lugar a um governo provisório formado por liberais e conservadores moderados liderados por socialistas que promoveram reformas trabalhistas e sociais, mas a manutenção do engajamento da Rússia na Primeira Guerra Mundial manteve a precariedade econômica, levando à Revolução Bolchevique de 1971.
Lenin e Trotsky, os principais líderes bolcheviques, articularam uma insurreição que se iniciou na noite do dia 24 de outubro, contando com tropas de trabalhadores armados e unidades militares que guarneciam Petrogrado.
Logo que tomaram o poder, os bolcheviques do soviete de Petrogrado criaram o Conselho de Comissários do Povo, presidido por Lenin, e que logo estatizou a marinha mercante, as fábricas (agora autogeridas pelos operários) e os bancos, além de criar tribunais revolucionários formados por cortes populares em substituição às antigas instituições judiciárias.
Houve extinção dos latifúndios e a desapropriação de terras, que foram entregues às comunas agrárias para serem distribuídas aos camponeses, o confisco de bens da Igreja Ortodoxa e a abolição do ensino religioso nas escolas.
Politicamente, após assinarem o Tratado de Brest-Litovsk que retirava a Rússia da Primeira Guerra Mundial, os bolcheviques determinaram a adoção do regime de partido único, o Partido Comunista.
De 1918 a 1920, a Rússia viveu uma guerra civil após os grupos anticomunistas se organizarem e formarem uma coalizão (apoiada por países como França, Inglaterra e Estados Unidos) para derrubar o regime socialista implantado pelos bolcheviques, que logo implantou o comunismo de guerra.
No final de 1920, o exército vermelho venceu as forças contrarrevolucionárias, conhecida como Exército Branco, expulsando-as do país e deixando um saldo de milhares de mortos.
Em 1922, com a intenção de englobar as demais repúblicas soviéticas anexadas à Rússia, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – a URSS.
Lenin morreria em 1924, levando Stalin e Trotsky, seus dois imediatos, começassem uma disputa pelo poder e também de dois projetos diferentes da revolução socialista.
Trotsky seria expulso do país por Stalin, que passou a exercer poder absoluto e iniciando uma das mais violentas e rígidas ditaduras da história humana. Stalin realizou expurgos dentro e fora do partido, eliminando a maioria dos revolucionários que lutaram ao lado de Lenin.
A União Soviética de Stalin teria um papel importante no rumo da Segunda Guerra Mundial e sairia do conflito como uma das principais potências do mundo.
A China Comunista
No início do século XX, a China era um país monarquista e industrialmente atrasado. Nessa época, a população estava cada vez mais descontente por causa da convivência do monarca com a exploração imperialista que os britânicos praticavam no país.
Em 1911, o Partido Nacionalista do Povo, liderado por Sun Yat-sen, derrubaram a Monarquia e instauraram uma República na China.
Dez anos depois, foi fundado o Partido Comunista da China, liderado por Mao Tse-tung, e que num primeiro momento se aliou a Sun Yat-sen, porém, à partir de 1925, os dois partidos passaram a se opor politicamente.
Liderados pro Chiang Kai-chek, o Partido Nacionalista se aliou aos conservadores, latifundiários e burgueses, enquanto o Partido Comunista se alinhou à política de expansão socialista da URSS.
Os conflitos levaram a uma guerra civil violenta e à perseguição do dos comunistas na China, que liderados por Mao iniciaram a chamada Longa Marcha para o norte do país e começaram a se reorganizar.
Os comunistas buscaram apoio dos camponeses, que compunham a maioria da população, e organizaram o Exército Vermelho que, além de ações militares, fazia propaganda dos ideais socialistas por todo país.
Em 1949, o Exército Vermelho conquistou Pequim e Mao, pela atuação com estrategista militar e conhecer a realidade da população rural chinesa, assumiu o governo e implantou a República Popular da China, implantando o regime socialista no país.
O Socialismo Após a Segunda Guerra Mundial
Com o término da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) despontaram como grandes potências mundiais, gerando dois blocos políticos antagônicos: um capitalista e outro socialista.
No sistema socialista, os meios de produção, como as terras e as indústrias, devem ser compartilhados, não há propriedade privada de meios de produção, apenas propriedades estatais, e os trabalhadores devem servir à coletividade e ao Estado.
Outra característica importante do socialismo é a planificação da economia pelo Estado, controlada por altos funcionários do governo socialista, que determinavam o valor dos salários, quais bens devem ser produzidos, a quantidade de cada produto que uma pessoa deve dispor.
Em oposição ao capitalismo norte-americano, os governantes da URSS passaram o período da Guerra Fria buscando propagar o socialismo pelo mundo.
Nesse período, a bipolaridade mundial em termos ideológicos suscitou uma intensa campanha publicitária patrocinada pelos governos capitalistas e socialistas. No caso dos socialistas, a propaganda era embasada em virtudes do igualitarismo e da justiça social.
O Serviço de Inteligência soviético, a KGB, também é uma instituição ligada ao comunismo e, por consequência, ao socialismo.
Na China, em 1966, Mao Tse-tung deu início a uma grande campanha de reeducação da população camponesa, que ficou conhecida como Revolução Cultural, e pretendia construir um país em que os valores individuais dessem espaço aos valores coletivos, garantindo bases mais sólidas para uma sociedade igualitária e democrática.
As principais propostas da Revolução Cultural eram modificar os valores tradicionais chineses, substituindo-os por valores do proletariado; banir as influências burguesas e capitalistas no país; combater e eliminar os burocratas do governo; melhorar a estrutura do ensino chinês, a fim de desenvolver as artes, as ciências e a tecnologia; e promover a união do trabalho manual e do intelectual.
Naquela época, as atitudes consideradas anticomunistas foram duramente reprimidas por diferentes milícias que interpretavam, cada uma à sua maneira, as propostas de Mao, causando conflitos internos que ao longo dos anos descaracterizaram os princípios da Revolução Cultural.
O Socialismo Real e a Crise no Países Comunistas
Socialismo real, também conhecido como socialismo realmente existente ou socialismo desenvolvido, foi uma frase de efeito ideológica popularizada durante a era Brejnev nos países do Bloco Socialista e na União Soviética.
O conceito aludia a um futuro sistema socialista altamente desenvolvido, e ao contrário do que se prega no socialismo utópico, o socialismo real, aplicado a países pareados com a União Soviética, não garantiu uma distribuição igualitária das mercadorias e dos benefícios do Estado.
Isso ocorreu por causa, entre outros motivos, da formação de uma burocracia privilegiada que se apoderou do poder político e econômico.
No final dos anos 1970, a economia da União Soviética, por exemplo, enfrentava grandes dificuldades e não conseguia acompanhar o rápido desenvolvimentos tecnológico do mundo capitalista.
A implantação das reformas perestroika e da glasnost pelo governo Gorbachev, nos anos 1980, interrompeu a corrida armamentista, reduzindo os gastos em investimentos bélicos, e permitiu pequenas empresas privadas, assim como o investimento financeiro externo, além de abolir a censura à imprensa e a devolução de templos religiosos à Igreja Ortodoxa.
Em 1989 o Muro de Berlim, símbolo da divisão ideológica entre capitalistas e socialistas, foi derrubado, acelerando o enfraquecimento do regime socialista em vários países do Leste Europeu que iniciaram um processo de transição para o sistema capitalista.
O Partido Comunista, entretanto, continuava sendo único na União Soviética e as reformas de Gorbachev criaram tensão entre as alas do partido, que culminou numa tentativa de golpe dos setores mais conservadores de Moscou, em 1991 rechaçada pelo presidente russo Boris Yeltsin.
Com a força política abalada, Gorbachev viu a URSS se dissolver como entidade política e assinou sua renúncia frente à criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), quando Rússia, Bielorrússia e Ucrânia assinaram o Acordo de Minsk, em dezembro de 1991.
Apesar da vitória dos Estados Unidos na Guerra Fria, com a desintegração da União Soviética, levou a uma disputa econômica entre blocos econômicos capitalistas, mas a China se levantou como um gigante socialista com modelo econômico reestruturado.
À partir dos anos 1980, a China reviu seus moldes socialistas e se abriu ao mercado internacional, mas controlada com mãos de ferro pelo Estado.
A modernização foi buscada para a indústria e os investimentos do governo chinês transformaram o país numa superpotência econômica e militar, mas no âmbito político não houve mudanças, sendo um dos poucos redutos do mundo onde o socialismo ainda impera através do controle do Partido Comunista.
Fonte: #Contato História – Volume 3 (2016) – Marco Pellegrini, Adriana Machado Dias e Keila Grinberg
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