Teoria da Conspiração
Teoria da Conspiração, de modo simples, é uma crença de que alguma organização secreta, mas influente, é responsável por uma circunstância ou evento. O grande escritor Umberto Eco já disse que as verdadeiras conspirações são aquelas que podem ser descobertas (como a que vitimou Júlio César). Ainda nas suas palavras
“o perigo está nas conspirações falsas, pois você não consegue desmenti-las – mas elas se prestam à manipulação: quem quiser tirar proveito delas poderá montar contra-conspirações muito reais. Foi o que Hitler fez, propagando a falsa conspiração dos judeus, dos Protocolos dos Sábios de Sião.“
Mas uma verdade é irrefutável sempre que se tem em voga alguma teoria da conspiração: as versões conspiratórias são muito mais interessantes do que a realidade que nos é apresentada.
Ou seja, a teoria da conspiração é uma tentativa de explicar eventos prejudiciais ou trágicos como resultado das ações de um pequeno grupo poderoso. Tais explicações rejeitam a narrativa aceita em torno desses eventos; na verdade, a versão oficial pode ser vista como mais uma prova da conspiração.
As teorias da conspiração aumentam em prevalência em períodos de ansiedade generalizada, incerteza ou dificuldades, como durante guerras e depressões econômicas e após desastres naturais como tsunamis , terremotos e pandemias. Isso sugere que o pensamento conspiratório é impulsionado por um forte desejo humano de dar sentido às forças sociais que são auto-relevantes, importantes e ameaçadoras.
O conteúdo das teorias da conspiração é emocionalmente carregado e sua suposta descoberta pode ser gratificante. Os padrões probatórios para corroborar teorias da conspiração são tipicamente fracos e geralmente resistentes à falsificação. A sobrevivência das teorias da conspiração pode ser auxiliada por preconceitos psicológicos e pela desconfiança em fontes oficiais.
O historiador americano Richard Hofstadter explorou o surgimento da teoria da conspiração propondo uma visão consensual da democracia. Grupos concorrentes representariam os interesses dos indivíduos, mas o fariam dentro de um sistema político que todos concordassem que enquadraria os limites do conflito. Para Hofstadter, aqueles que se sentissem incapazes de canalizar seus interesses políticos em grupos representativos ficariam alienados desse sistema. Esses indivíduos não aceitariam as declarações dos partidos da oposição como representando um desacordo justo; em vez disso, as diferenças de pontos de vista seriam encaradas com profunda suspeita. Essas pessoas alienadas desenvolveriam um medo paranóico de conspiração, tornando-as vulneráveis à liderança carismática em vez de prática e racional. Isso prejudicaria a democracia e levaria ao totalitarismo.
Já o filósofo australiano Steve Clarke propôs que o pensamento conspiratório é mantido pelo erro de atribuição fundamental, que afirma que as pessoas superestimam a importância de disposições – como motivações individuais ou traços de personalidade – enquanto subestimam a importância de fatores situacionais – como chance aleatória e normas sociais – para explicar o comportamento dos outros. Clarke observou que esse erro é típico do pensamento conspiratório. As pessoas mantêm a adesão às suas crenças conspiratórias porque prescindir da conspiração seria desconsiderar os motivos humanos nos eventos. Clarke sugeriu ainda que a razão última pela qual as pessoas cometem o erro fundamental de atribuição é porque elas evoluíram para fazê-lo. Os humanos evoluíram em grupos bem unidos, onde a compreensão dos motivos dos outros era fundamental para a detecção de intenções malévolas. O custo de cometer um erro ao identificar os motivos insidiosos dos outros era pequeno em relação ao custo de não identificar esses motivos. Clarke propôs que as pessoas estão psicologicamente sintonizadas para descontar os fatores situacionais sobre os fatores disposicionais na explicação do comportamento dos outros.
Fonte: www.britannica.com
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