A preparação do médium para o trabalho mediúnico é semelhante ao ajuste fino de um instrumento musical antes do concerto: quanto mais delicada e cuidadosa for a afinação, mais claras e harmônicas serão as notas produzidas. Inspirado nas orientações de dois estudiosos da prática — Anderson Gomes, voltado ao Espiritismo, e Roberto Sacerdote, dedicado à Umbanda — este artigo reúne recomendações práticas, espirituais e emocionais para que o médium chegue ao momento da manifestação em pleno equilíbrio.

Introdução
Toda reunião mediúnica envolve uma cadeia de cooperação entre encarnados e desencarnados. No centro desse elo está o médium, cuja mente, corpo e emoções servem de ponte para a comunicação.
Quando essa ponte apresenta rachaduras — irritação, cansaço, alimentação pesada, distrações — o intercâmbio se torna mais difícil, e o préstimo, menos eficiente. A boa notícia é que grande parte dessas “rachaduras” se previne ou minimiza com uma rotina simples e consciente, iniciada cerca de doze horas antes do trabalho.
A seguir, exploramos cada uma das doze orientações selecionadas, mostrando como elas se complementam e por que fazem diferença na qualidade do serviço mediúnico.

Guia de Preparação do Médium para o Trabalho Mediúnico
Aprenda passo a passo como se preparar 12h antes do trabalho mediúnico: dieta leve, equilíbrio emocional e sintonia espiritual.
1. Preparação com antecedência de 12 horas
Começar cedo significa dar tempo à mente para desacelerar dos assuntos cotidianos e ajustar-se à vibração do serviço. Ao definir um “marco zero” — por exemplo, o pôr do sol da véspera — o médium comunica ao próprio inconsciente que entradas e saídas de energia já estão em andamento. Sensações incomuns (leve pressão na cabeça, alteração de humor) deixam de ser confundidas com mal-estar físico e passam a ser reconhecidas como parte do processo de aproximação dos espíritos que serão atendidos.
2. Oração e sintonia com os mentores
A prece, quando feita com espontaneidade, é mais que um pedido de proteção; é uma declaração de disponibilidade. “Senhor, eis-me aqui para o que for útil” abre espaço para que o amparo se manifeste em sonhos, intuições ou simples sensação de paz. É igualmente válido agradecer antecipadamente pela oportunidade, criando um ciclo de gratidão que eleva o tônus mental.
3. Equilíbrio emocional e bom humor
Um dos maiores desafios de quem lida com energias sutis é não deixar que pequenas contrariedades dominem o dia. Dor nas costas, atraso no trânsito ou aquela conta inesperada podem tornar-se gatilhos para irritação — exatamente o estado que dificulta a sintonia fina com a entidade. O exercício aqui é responder às ocorrências com serenidade consciente, lembrando que a vibração interna é o termômetro da qualidade do trabalho à noite.
4. Vigilância sobre pensamentos e sentimentos
Alterações repentinas — ansiedade sem motivo claro, tristeza repentina, até euforia injustificada — podem indicar que espíritos ligados ao trabalho já se aproximam. Em vez de reprimi-las, o médium observa, respira fundo e mentaliza: “Reconheço a presença; permaneço em equilíbrio para servir melhor.” Essa postura impede que a emoção do espírito se confunda em excesso com a do médium, preservando-lhe o discernimento.
5. Aceitação de eventuais desconfortos
Mesmo com todo cuidado, é possível sentir dor de cabeça, sonolência ou confusão mental. Segundo Anderson Gomes, esses sintomas muitas vezes pertencem ao comunicante que busca socorro. Resistir ou reclamar amplia a sensação desagradável; já a aceitação lúcida (“isso não é meu, mas do irmão que será atendido”) reduz o impacto e prepara o terreno para a manifestação durante a reunião.
6. Evitar conflitos e discussões
Roberto Sacerdote lembra que, ao aproximar-se da porta da casa espírita, o médium não deveria estar “falando de negócios ou do celular”. Mas a prevenção começa bem antes: no ambiente doméstico ou profissional, vale treinar a escuta empática e, se surgir provocação, adiar o debate. Conflitos alimentam miasmas emocionais que podem ser explorados por espíritos em desequilíbrio, comprometendo toda a corrente.

7. Alimentação leve e sutilização do corpo
O estômago gasto com feijoada ou churrasco desviará sangue e atenção, enfraquecendo a concentração. Carnes bovina, suína e mesmo aves carregam, além da digestão pesada, vibrações de medo ou dor do animal abatido, o que densifica o perispírito. A recomendação, portanto, é preferir legumes, frutas, sopas e, se desejar proteína, um peixe grelhado. O objetivo não é ascetismo extremo, mas conforto físico aliado à leveza energética.
8. Moderação na cafeína
Café em excesso aumenta o ritmo cardíaco e provoca agitação mental — o oposto do estado receptivo necessário ao transe consciente. Se o hábito for inegociável, limite-se a uma xícara pela manhã e substitua as seguintes por chás calmantes, como camomila ou erva-doce.
9. Flexibilidade e bom senso na dieta
Radicalismos costumam gerar ansiedade. Se, por exemplo, o jejum total de carne causa fraqueza ou irritação, é melhor ingerir uma pequena porção do que passar o dia “de mau humor”. O critério é o equilíbrio: quanto menos esforço digestivo, melhor; quanto mais bem-estar, maior a disponibilidade vibratória.
10. Abstinência sexual temporária
A energia sexual, quando direcionada ao prazer íntimo, dissipa parte dos fluidos vitais que serão utilizados na doação mediúnica. Manter a abstinência no dia do trabalho ajuda a reservar esses potenciais. Contudo, caso a contenção gere inquietação extrema, o próprio conflito interno pode atrapalhar mais do que a transmutação do ato em harmonia conjugal. De novo, o discernimento é chave.
11. Vestimenta simples e limpa
Não existe cor proibida; existe estado de espírito. Ainda assim, cores claras costumam refletir e irradiar luminosidade, além de transmitir sensação de asseio. O fundamental é chegar com roupas confortáveis, limpas e que não distraiam a atenção — nem do médium, nem do assistido.
12. Seleção de conteúdo midiático
O que entra pelos olhos e ouvidos molda imagens mentais que se projetam como formas-pensamento. Séries violentas, músicas de baixa vibração ou notícias sensacionalistas semeiam agitação. Troque-as por leituras edificantes, palestras esclarecedoras ou músicas suaves. Dessa forma, a “trilha sonora” do dia passa a ser a da paz necessária ao serviço.

Conclusão
A preparação do médium não é um protocolo mecânico, mas um processo de higiene integral — física, mental, emocional e espiritual. Ao longo das doze orientações, percebemos que cada cuidado tem um fio condutor comum: equilíbrio.
Equilíbrio da conduta, ao reservar horas de antecedência para desligar-se do cotidiano.
Equilíbrio dos pensamentos, ao cultivar preces e leituras elevadas.
Equilíbrio das emoções, ao neutralizar irritações e acolher desconfortos inevitáveis.
Equilíbrio do corpo, ao escolher alimentos leves, moderar estimulantes e cuidar da respiração.
Quando o médium chega ao recinto, desligando o celular e cumprimentando os companheiros com sorriso sereno, ele já não traz apenas o próprio corpo — traz um “campo” luminoso, pronto para que a entidade trabalhe. Nesse estado, a comunhão transcende a individualidade: tornamo-nos instrumentos por onde flui o socorro, o esclarecimento e, sobretudo, o amor.
Preparar-se, portanto, é ato de responsabilidade e de afeto: responsabilidade para não “contaminar” o intercâmbio com nossas distrações; afeto por reconhecer que, do outro lado, há consciências em sofrimento contando com o melhor de nós. Se cada médium se comprometer com esses cuidados, cada reunião mediúnica se converterá numa verdadeira sinfonia de auxílio, onde as notas de paz, esperança e cura alcançarão não só os desencarnados necessitados, mas também todos os corações presentes — encarnados e desencarnados — que vibram no mesmo diapasão de fraternidade.

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