Lúcifer, Satanás, Diabo ou Demônio são, na nossa sociedade cristã ocidental, alcunhas para um mesmo ser.
O antagonista de Deus!
Esta é uma figura instigante de se estudar tendo como base alguns documentos alheios ao costumeiro viés bíblico ocidental que toma nosso imaginário.
Dentro do ínfimo campo de convergência das mais variadas vertentes, podemos perceber que Lúcifer é um ser não-humano, conhecedor das verdades do Universo e, apesar de ser mencionado em alguns livros como um arcanjo, a realidade é que a definição da casta angélica de Lúcifer é discutida até os dias de hoje.
Já escrevemos um texto sobre essas diversões correlações religiosas e mitológicas acerca de Lúcifer (que você pode conferir aqui) e nele percebemos que existem discussões quanto ao caráter interpretativo de cada viés estudado sobre o personagem Lúcifer.
Minha busca foi baseada nas diversas variações acerca do personagem Lúcifer como um arquétipo presente nas mais diversas culturas e que, apesar de ser associado ao negativismo geral, tem como um de seus símbolos a serpente, sinal comumente associado à sabedoria em grande parte das culturas antigas e, em especial, no caduceu, um símbolo que traz a proteção dos mensageiros.
Ali, citamos também as visões presentes no Livro de Urântia e o conceito da inexistência de Lúcifer no espiritismo.
Hoje, vamos nos aprofundar em uma destas e falar sobre Lúcifer à luz do espiritismo.
Lúcifer à Luz do Espiritismo.
A doutrina espírita traz uma visão ainda mais interessante, e, por que não, inquietante da figura de Lúcifer, que depois da queda virou Satã (ou Satanás).
Na primeira parte de O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, um dos cânones do espiritismo assinado por Allan Kardec, nos deparamos com algumas questões lógicas quanto a figura de Lúcifer e o relato de sua rebelião:
“Se Satã e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? Ainda se tivessem logrado uma tal eminência gradualmente, depois de haver percorrido a escala da perfeição, poderíamos conceber um triste retrocesso; não, porém, do modo por que no-los apresentam, isto é, perfeitos de origem. A conclusão é esta: – Deus quis criar seres perfeitos, porquanto os favorecera com todos os dons, mas enganou-se: logo, segundo a Igreja, Deus não é infalível!”
No Livro dos Espíritos, fica claro que os anjos seriam espíritos puros, se encontrando no mais alto grau da escala evolutiva do espírito, percorrendo todos os graus necessários para atingir a perfeição.
O tempo para cada um atingir este topo evolutivo foi diferente e cada um de nós está na mesma jornada evolutiva.
Como os ensinamentos da doutrina espírita nos dizem que não existe a possibilidade de involução, se fosse Lúcifer um ser que atingira o máximo grau evolutivo espiritual, não poderia ele ter sucumbido a sentimentos tão primais e distantes de um espírito iluminado e dotado da luz divina.
Sendo assim, a figura de Lúcifer, como um ser perfeito que caiu pelo orgulho se torna incongruente na visão espírita.
Sobraria então a ideia de uma figura já caída, denominada Satanás, como personificação do mal, sendo nada mais que uma alegoria para satisfazer a necessidade humana de figuras para impressionar sua imaginação, agregando a seres incorpóreos materializações inerentes às suas qualidades ou defeitos.
Mas Então Quem São os Demônios?
Na visão espírita, seria incongruente imaginar um “ser mau a lutar, de potencia a potencia, com a Divindade, cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios.”
No Evangelho Segundo o Espiritismo, fica claro que os demônios são almas perversas e que não se desligaram dos desejos e sentimentos materiais e, logicamente, Lúcifer, a figura moldada em nossa mente como o detentor e defensor de todo o mal, é a representação em uníssono deste conjunto de espíritos que se comprazem com o mal nos mais diversos níveis de evolução menor.
A questão é mais delicada e envolve um arcabouço de evidências e argumentos lógicos sobra a existência de Lúcifer, um portador do mal pelo ponto de vista do espiritismo.
Quem Tentou Jesus Cristo no Deserto?
Como nossa discussão básica é direcionada à figura de Lúcifer, não vou me preocupar com os argumentos ali alicerçados. Mas então, se a figura de Lúcifer (ou Satanás, ou Diabo) não existe, quem teria tentado Jesus Cristo?
Bom, segundo o livro A Gênese: Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, esta passagem do evangelho seria apenas mais uma parábola a nos ensinar sobre os perigos que corremos a não resistirmos à incansável voz que vem nos tentar com a corrupção de nosso espírito para a obtenção de louros materiais.
Esta passagem ainda nos ensinaria a refutar tais tentações, pois quando Jesus diz “Retira-te Satanás”, deveríamos ler “Para trás a tentação”.
Leia Mais:
- LÚCIFER | Uma Entidade do Mal ou o Portador da Luz?
- Onde Fala Sobre a Queda de Lúcifer na Bíblia?
- A Influência de Lúcifer na Música Ocidental
- MAÇONARIA | Do Templo de Salomão à Nova Ordem Mundial
- GENESIS | Adão e Eva: A Queda do Homem
Várias passagens na bíblia atribui o termo “Estrela da Manhã” ou “Estrela d’alva”….tanto a Jesus Cristo quanto a Lúcifer. O próprio Jesus se auto-declara “estrela da manhã ” no final de Apocalipse 22:16. Então, seria Lúcifer e Jesus a mesma pessoa? Um se transformou no outro?
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Referências:
Isaías 14:11,12 / Lucas 10:18 / 2 Pedro 1:19 / Apo. 2: 20 / Apo. 8:10 / Apo. 9:1 / Apo. 22: 13, 16 / Isaías 34:4 / Jeremias 51:53 / Apo. 2:28 / Ez 28:15, 17.