Mais conhecido pela série de fantasia “As Crônicas de Nárnia”, C. S. Lewis foi um grande pensador da filosofia cristã e neste “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz” ele nos dá ensinamentos espirituais muito valorosos.
Neste artigo vamos entrar no mundo distorcido e envolvente de “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”, um livro onde o renomado escritor C. S. Lewis, famoso pelas Crônicas de Nárnia, reflete sobre os ensinamentos cristãos e os valores pessoais e espirituais que todo cristão devia cultivar. Tudo isso, de uma forma envolvente e com aquele toque de humor irônico tão comum aos britânicos.
Os 5 Melhores Livros de C. S. Lewis Para quem Busca Elevação Espiritual
Para aqueles que desejam explorar mais a obra de C.S. Lewis, além de “As Crônicas de Nárnia”, há uma série de obras recomendadas para estudo adicional. Entre elas estão as cinco que listo abaixo, onde cada uma, à sua maneira, apresentam uma exploração profunda da fé cristã e da moralidade. Em suma, são pepitas de espiritualidade para mentes liberais materialistas (no sentido político do termo).
- “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”
- “Cristianismo puro e simples”
- “A abolição do homem”
- “Surpreendido pela alegria”
- “Deus no banco dos réus”
Introdução ao livro “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”
“Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” é um livro de C. S. Lewis escrito em 1942 e dedicado ao amigo J. R. R. Tolkien, o escritor da lendária trilogia “O Senhor dos Anéis”. Longe de ser um livro de fantasia, apesar de assim também poder ser visto (e colocado perto de “Belas Maldições”, de Neil Gaiman e Terry Pratchett, por exemplo), este livro é uma obra-prima de seu autor e um clássico da literatura cristã.
Em suma, “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” traz uma série correspondências entre um diabo e seu sobrinho, uma diabrete aprendiz. Apesar de termos acesso apenas às cartas do diabo, a narrativa se mostra astuta, irônia e irreverente, além de muito original para transmitir ensinamentos cristãos profundos e cabem a qualquer pessoa que busque uma elevação espiritual.
Nas cartas podemos ver como as tentações, fraquezas humanas e armadilhas do livre-arbítrio podem ser superadas, olhando por um outro ponto de vista, de quem coloca as armadilhas e guia nossos olhares para as tentações ou explora nossas fraqueza.
Neste texto, mergulhamos nas profundezas da sabedoria sombria ao descobrirmos os ensinamentos sinistros ocultos nesta obra-prima não convencional de C. S. Lewis. Prepare-se para uma jornada introspectiva que explora as complexidades do bem e do mal, a moralidade e a condição humana.
C. S. Lewis e as cartas de um diabo a seu aprendiz
Clive Staples Lewis (1989 – 1963) foi um dos maiores intelectuais do século XX e provavelmente um dos escritores mais influentes de sua geração. Era professor e tutor de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford até 1954, quando foi unanimemente eleito para cadeira de Inglês Medieval e Renascentista da Universidade de Cambridge, posição que manteve até a aposentadoria.
C. S. Lewis, como ficou mais conhecido, escreveu mais de 30 livros que lhe permitiram alcançar um vasto público. “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” é uma de suas obras-primas, mas que pode assustar aqueles que estão famiiarizados apenas com as aventuras ensolaradas e infanto-juvenis de “As Crônicas de Nárnia”. A abordagem sombria e provocativa deste livro contrasta com a natureza esperançosa e edificante de suas outras obras. No entanto, apesar das diferenças temáticas, a escrita perspicaz e a profundidade filosófica característica de Lewis estão presentes em toda a sua obra.
“Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” é uma obra singular de C. S. Lewis que nos transporta para um universo sombrio e distorcido. Publicado originalmente em 1942, o livro apresenta uma coletânea de cartas escritas por um demônio experiente a seu aprendiz, com o objetivo de ensinar-lhe os segredos para corromper e desviar nós, humanos, do caminho da virtude e da fé. Essa abordagem inovadora permite que o leitor observe o processo de tentação e sedução de dentro, oferecendo uma perspectiva íntima e perturbadora.
À medida que navegamos pelas páginas dessa atraente coleção de cartas de “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”, e cada ensinamento sinistro é revelado, somos forçados a confrontar nossas próprias percepções de certo e errado e os limites que definem nossa bússola moral.
Até por isso, “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” tem um impacto profundo nos leitores, confrontando-os com questões complexas de moralidade e tentação. A obra desafia as noções tradicionais de bem e mal, incentivando-nos a questionar nossas próprias crenças e a examinar a profundidade de nossa própria integridade moral. O livro nos faz refletir sobre as escolhas que fazemos em nossa vida cotidiana e como elas moldam nossa identidade e nosso caráter.
Assim como qualquer obra literária, “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” não está isento de controvérsias e críticas. Alguns argumentam que a obra pode ser interpretada como uma apologia do mal, promovendo uma visão moralmente ambígua e relativista. No entanto, outros argumentam que o livro é uma reflexão perspicaz sobre a natureza humana e uma advertência contra as tentações que nos cercam.
Todavia, para entender plenamente “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”, é importante considerar o contexto cultural e histórico em que foi escrito. O livro foi publicado durante a Segunda Guerra Mundial, um período de intensa turbulência e questionamento moral. A influência desses eventos históricos na obra de C. S. Lewis é evidente, pois ele explora a natureza do mal e a fragilidade da moralidade humana em um momento de crise global.
Análise dos ensinamentos sinistros apresentados no livro “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”
Ao longo das cartas, somos apresentados a uma série de ensinamentos sinistros que visam minar os valores morais e religiosos do aprendiz, levando-o gradualmente à perdição. Esses ensinamentos são cuidadosamente elaborados pelo demônio, explorando as fraquezas e dúvidas do aprendiz para manipulá-lo.
1) O Erro Crucial quanto aos demônios
Já nas primeiras páginas de “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”, Lewis nos ensina dois erros graves sobre os demônios: “O primeiro é não acreditar na existência deles. O outro é acreditar que eles existem e sentir um interesse escessivo e doentio por eles”.
Segundo C. S. Lewis “os demônios ficam igualmente satisfeiros com ambos os erros e saúdam um materialista ou um bruxo com o mesmo prazer”.
2) A Ilusão dos Conhecimentos Banais
Um dos pontos-chave da tese defendida por C. S. Lewis em “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” é o engano de quem se acha detentor de toda a sabedoria do universo e que por isso é impossível “acreditar no desconhecido”. Cuidado com a banalidade das coisas, esteja sempre balizado pela “vida real”.
Neste ponto C. S. Lewis argumenta sobre o fato de ciência verdadeira não ser uma boa opositora ao cristianismo. “Tem havido perdas inestimáveis entre os físicos modernos” lamenta o demônio em sua primeira carta, que explica: “Elas [as ciências verdadeiras] vão feze-lo pensar sobre as realidades que ele não pode tocar nem ver”, com isso abrirão portas para acreditar no que é desconhecido e o caminho o levará à espiritualidade, mais cedo ou mais tarde.
“Persista incutindo nele a banalidade das coisas”, ensina o diabo. “Procure dar-lhe uma sensação geral de que ele sabe tudo e que aquilo que consegue fisgar de conversas e leituras casuais é ‘resultado de pesquisas mais recentes”.
Na décima terceira carta temos uma observação perspicaz sobre isso: “é claro que quaisquer cinco minutos de uma dor de dente genuína revelariam que os sofrimentos românticos não passam de bobagens”.
“O jogo é mante-los correndo por aí com um extintor de incêndio sempre que houver uma inundação, e fazer com que todos se aglomerem e corram para o lado do navio que está a ponto de afundar”, conta o Diabo a seu Aprendiz.
3) Cuidado com os Extremos
Na quinta carta, o diabo chama a atenção de seu aprendiz para a falta de detalhes sobre o ser humano que está sendo sugestionado quanto a propensão de se tornar um patriota extremo ou um pacifista militante. Ou seja, independe de qual seja o seu “lado”, os extremos são lugares perigosos para se estar.
O diabo ensina na sétima carta (a mais impactante de todas) que todos os extremos devem ser enconrajados, exceto, é claro, a devoção extrema a Deus. “Comece a faze-lo tratar o patriotismo ou o pacifismo como parte de sua religião,” ensina o diabo a seu pupilo, que continua: “Depois, silenciosa e gradativamente, cuide para que ele alcance um estágio em que a religião se torne meramente parte da ‘causa’, em que o cristianismo passe a ser valorizado principalemente em razão dos argumentos excelentes que é capaz de produzir em prol da guerra ou do pacifismo”.
O extremismo o levará a crer que o mundo material é a realidade absoluta, quando, de fato, não é bem assim. O apetite pela perfeição de seu polo é tão inveterada num extremista que ele estará atado à terra de tal maneira que, neste estágio, ele acreditará que a terra pode ser transformada em um paraíso em algum momento futuro, pela política, pela genética ou pela psicologia, e ele é um agente transformador tão indispensável para isso que qualque desvio de conduta que cometer é juntificável.
4) Fique no Presente e pense menos no futuro
Na sexta carta, o diabo ensina a seu pupilo como a ansiedade é uma arma poderosa para distanciar o ser humano da realidade: “Não há nada mais eficaz que o suspense e a ansiedade para bloquear a mente humana contra o Inimigo”. Obviamente, como são as palavras de um diabo o Inimigo aqui refere-se a Deus.
Ele continua: “Ele [Deus] quer que os homes fiquem preocupados com o que fazem”. Ou seja, devemos ficar focados em nossas ações e pensamentos no presente. “Nosso negócio é fazer com que fiquem constantemente pensando sobre o que vai acontecer com eles.”
Logo, uma cocnlusão imediata é que a ansiedade é gerada quando ficamos no futuro elocubrando situações e medos que nunca podem nem ocorrer.
Na décima quinta carta, o diabo nos alerta para o fato de que o presente é o ponto em que o tempo toca a eternidade e que “o nosso negócio é desvia-lo [o homem] do presente e da eternidade”.
Ele vai além: “Bem melhor é faze-los [nós, seres humanos] viver no futuro”, pois isso inflama a esperança e o medo através das nossas paixões. Alem disso, pensando no futuro estaremos pensado sobre irrealidades (voltando o segundo ensinamento).
C. S. Lewis chama a atenção para o fato de que todos os vícios ( incluindo aquele que ele julga o mais belo: “o orgulho espiritual”) estão arraigados no futuro. “A gratidão olha para o passado e o amor, para o presente; já o medo, a avareza, a luxúria e a ambição têm os olhos no que está por vir.”
Segundo ele não é errado pensar no futuro quando ele te serve apenas para planejar agora os atos de justiça ou caridade que provavelmente serão seu dever amanhã.
“Queremos toda uma raça humana perseguido perpetuamente o fim do arco-íris, que nunca seja honesta, nem gentil, nem feliz no agora; mas sempre usando toda a realidade presente que lhes é oferecida no presente como mero combustível com o qual abastever o altar do futuro”, revela o Diabo a seu aprendiz.
5) Cultive o auto-conhecimento e elimine o pensamento de manada e as reclamações
Segundo C. S. Lewis, os mais profundos gostos e impulsos são os pontos de partida com os quais Deus nos equipou para seguirmos rumo à elevação espiritual. Afastar-se de suas suas individualidades e não trabalhar o auto-conhecimento são caminhos para a ruína.
“Mesmo qem questões indiferentes é sempre desejável substituir seus gostos e desgosotos pessoais pelos padrões, pelas convenções ou pela moda do Mundo”, ensina o Diabo a seus Aprendiz: “Você deve sempre tentar fazer o paciente abandonar as pessoas, a comida ou os livros de que ele realmente gosta em favor das “melhores” pessoas, da comida “certa”, dos livros “importantes”.
C. S. Lewis chama nossa atenção na vigésima primeira carta para o nosso ato de reclamar. Quanto mais reclamações em relação à vida fazemos mais injuriados e de mau humor estaremos. A reclamação, junto ao orgulho e à vaidade sempre levam o homem à confusão máxima de si mesmo. Devemos evitar isso.
Estes três elementos (reclamação, orgulho e vaidade) são alimenatados pelos padrãos e pela moda do mundo. “A novidade contínua custa dinheiro, de modo que o desejo vai então enunciar a avareza ou a infelicidade ou ambos”, ensina o Diabo a seu aprendiz, que continua: “o uso de modas nos pensamentos é para distrais a atenção dos homens de seus verdadeiros perigos.”
Explorando outros ensinamentos gerais de “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, de C. S. Lewis
Um dos ensinamentos mais sinistros é a negação da existência do bem absoluto e do mal absoluto. O demônio argumenta que todas as ações humanas são relativas e que o conceito de bom e mau é apenas uma construção social. Essa perspectiva moralmente ambígua coloca o aprendiz em um estado de confusão moral, tornando-o mais suscetível às tentações e manipulações do demônio.
Outro ensinamento sinistro se refere à manipulação das emoções e desejos humanos. O demônio instrui o aprendiz a explorar os desejos mais íntimos das pessoas, incentivando-os a buscar a satisfação imediata e egoísta de seus desejos, sem considerar as consequências morais de suas ações. Essa abordagem visa corroer gradualmente a capacidade do aprendiz de exercer o autocontrole e de resistir às tentações.
Um dos temas centrais de “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” é a tentação e o engano. O demônio usa estratégias sutis para manipular o aprendiz, explorando suas fraquezas e desejos mais profundos. Essa abordagem dissimulada ilustra a natureza insidiosa da tentação e como ela pode se infiltrar sorrateiramente em nossas vidas.
Outro tema importante é o papel do engano na corrupção moral. O demônio utiliza meios enganosos para convencer o aprendiz de que o mal é bom e o bem é ruim. Ele distorce a realidade e usa argumentos convincentes para persuadir o aprendiz a abandonar seus princípios e abraçar o caminho da perdição. Isso nos faz refletir sobre a natureza enganadora do mal e como ele pode se apresentar de forma atraente e sedutora.
Portanto
“Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz” continua a ser uma obra intrigante e provocativa que desafia as noções convencionais de bem e mal. Sua exploração da tentação, do engano e da natureza humana permanece relevante até os dias de hoje, convidando-nos a questionar nossas próprias crenças e a enfrentar os desafios morais que encontramos em nosso caminho.
Ao abraçar a sabedoria sombria que C. S. Lewis nos apresenta, podemos encontrar uma compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo que nos cerca. Este livro nos lembra que a batalha entre o bem e o mal é um confronto diário e que a escolha entre eles está em nossas mãos.
Os 5 Melhores Livros de C. S. Lewis Para quem Busca Elevação Espiritual
Para aqueles que desejam explorar mais a obra de C.S. Lewis, além de “As Crônicas de Nárnia”, há uma série de obras recomendadas para estudo adicional. Entre elas estão as cinco que listo abaixo, onde cada uma, à sua maneira, apresentam uma exploração profunda da fé cristã e da moralidade. Em suma, são pepitas de espiritualidade para mentes liberais materialistas (no sentido político do termo).
- “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”
- “Cristianismo puro e simples”
- “A abolição do homem”
- “Surpreendido pela alegria”
- “Deus no banco dos réus”