Explore como o Espiritismo explica a criação do Universo, unindo a ideia de um Deus criador e a evolução das formas de vida. Abordamos as bases kardecistas, referências científicas e interpretamos de modo simbólico os relatos bíblicos, destacando o papel do espírito na transformação contínua.

Introdução
Eu sempre me pego refletindo sobre como tudo começou: será que houve uma grande explosão que deu origem à matéria? Ou será que a vontade divina, em um ímpeto de pura criação, lançou o Universo à existência de maneira imediata?
Essa questão me fascina desde a primeira vez em que li sobre as divergências entre a visão científica e a compreensão religiosa. Por isso, hoje decidi abordar um tema que considero essencial e que desperta muita curiosidade: como se deu a criação do Universo segundo o Espiritismo?
Para começar, quero deixar claro que este texto não pretende dar uma resposta definitiva e incontestável (afinal, cada pessoa traz sua própria bagagem de crenças e questionamentos), mas oferecer um panorama sério, técnico e embasado, de acordo com alguns dos principais referenciais adotados pela Doutrina Espírita.
A ideia é demonstrar como, aos olhos do Espiritismo, convivem harmoniosamente ideias sobre Criacionismo e Evolucionismo. Sim, acredite: é possível conciliar estas duas perspectivas, pelo menos de acordo com a ótica espírita.
Sem mais delongas, convido você a continuar comigo nesta viagem. Vamos mergulhar em fundamentos sólidos, referências de peso, citações e pontos-chave que nos ajudarão a entender melhor a formação do Universo e o surgimento da vida.

1 – Criação pelo Espiritismo: Uma Visão Geral
“A criação pelo Espiritismo” não é apenas um slogan para atrair curiosos; é a própria base do pensamento espírita acerca do Universo.
De acordo com Allan Kardec, em livros como “O Livro dos Espíritos” e “A Gênese”, tudo parte de uma inteligência suprema — Deus. Aqui, encontramos uma abordagem que aceita Deus como fonte primordial de toda a existência, mas sem descartar processos de desenvolvimento e evolução no decorrer dos tempos.
Deus como Princípio Criador
Deus, segundo o Espiritismo, não só criou os dois elementos gerais do Universo (o Princípio Inteligente e o Fluido Cósmico Universal), mas segue atuante através de leis naturais que regulam a evolução de mundos e seres.
Se para alguns a ideia de um Universo criado por um Ser Supremo soa inteiramente religiosa, a Doutrina Espírita propõe que essa visão não anula as descobertas da ciência humana, principalmente aquelas relacionadas à idade do planeta, à formação das galáxias e à existência de fósseis que comprovam um passado extremamente remoto da Terra.
Nos estudos espíritas, então, encontramos essa definição ampla:
Princípio Inteligente: origem de todos os seres dotados de consciência.
Fluido Cósmico Universal: matéria primitiva em estado mais elementar, de que se formam as inúmeras estruturas e corpos celestes.
A partir dessas bases, o Espiritismo se mostra criacionista no sentido de admitir que tudo se inicia com Deus, mas também evolucionista ao reconhecer transformações progressivas na matéria e no espírito.

2 – Espiritismo é Criacionista ou Evolucionista?
Eis a grande pergunta que muitos fazem: “O Espiritismo é criacionista ou evolucionista?” A melhor resposta, na minha experiência, é: ele é ambos.
Criacionista, pois reconhece Deus como princípio de todas as coisas, separando-O de Sua criação. Diferentemente de correntes panteístas, o Espiritismo não afirma que Deus e Universo são uma só e mesma substância, mas que o Universo surgiu de um ato divino.
Evolucionista, pois, ao olhar para a natureza, percebe-se claramente um processo de transformação e aprimoramento. A própria ciência mostra que a vida na Terra começou em formas extremamente simples, há bilhões de anos, e foi se complexificando ao longo de eras geológicas. O Espiritismo concorda com isso, mas acrescenta que o espírito também evolui paralelamente à matéria.
Quando analisamos o tema pelo viés bíblico tradicional — aquele que, ao pé da letra, considera a criação do homem em apenas um ato instantâneo e imutável —, o Espiritismo sugere uma interpretação mais simbólica, indicando que há sim uma evolução corporal e espiritual ao longo de períodos muito extensos.
Em “A Gênese”, Allan Kardec discute justamente o embate entre explicações bíblicas literais e descobertas científicas acerca da origem do mundo. A conclusão é a necessidade de conciliar fé e razão, para que ambas possam evoluir em harmonia.

3 – O que a Ciência diz e como o Espiritismo dialoga com ela
Para entendermos melhor ao Universo segundo o Espiritismo, é importante mencionar brevemente o que a Ciência tem descoberto. Sabemos que, pelo estudo de astrônomos, geólogos, paleontólogos, biólogos e antropólogos, o Universo teria surgido por meio de um evento conhecido como Big Bang, há cerca de 13,8 bilhões de anos.
A Terra, por sua vez, formou-se em um processo que durou bilhões de anos, e as primeiras formas de vida neste planeta apareceram em tempos muito remotos, evoluindo para organismos cada vez mais complexos.
O Espiritismo não nega esses dados, mas os integra à crença na existência de um Criador: é como se Deus fosse a causa primária, enquanto as leis naturais que resultaram no Big Bang fossem a forma pela qual o Universo se organizou.
Algumas teorias científicas, como a da expansão cósmica, não contradizem a visão espírita, pois a Doutrina não impõe limites estreitos à criação divina — somente reconhece que a realidade é bem mais ampla do que a simples matéria.

A Vida Humana: Evolução e Espírito
A espécie humana, de acordo com pesquisas, é relativamente recente na escala geológica e surgiu a partir de linhagens hominídeas que evoluíram ao longo de pelo menos 1,75 milhão de anos, culminando no Homo sapiens. Muitas pessoas perguntam: “Mas e a alma? Em que momento ela se integra no ser humano?”
Para o Espiritismo, a chave está justamente no papel do espírito como um princípio inteligente e eterno que passa por estágios evolutivos. Ou seja, ao passo que o corpo biológico evolui, o espírito ganha, pouco a pouco, novas capacidades intelectuais e morais.
O destaque aqui é que a Doutrina Espírita inclui o espírito no conceito de evolução, algo que a ciência materialista ainda não aborda, porque, sob o ponto de vista científico clássico, os estudos se concentram na matéria tangível.
Contudo, a Doutrina não entra em choque direto com as observações sobre fósseis e registros geológicos — ela apenas amplia o horizonte e diz: “Sim, existem registros de evolução orgânica, mas também há um fator espiritual em ação.”
4 – Formação do Universo e Surgimento da Vida na Terra
Segundo o Espiritismo, a formação do Universo se deu a partir da condensação da matéria disseminada no espaço, o que, em linguagem científica, poderíamos comparar às teorias de nebulosas e de contração de gás e poeira cósmica que originam as estrelas e planetas.
À medida que os mundos se formam, os elementos orgânicos — que já existem em estado latente no Fluido Cósmico Universal — encontram condições propícias para surgir e se desenvolver.
Uma vez que esses elementos encontram o princípio inteligente (o espírito), a vida se manifesta. No caso específico da Terra, o planeta passou por diversas transformações climáticas, físicas e químicas que permitiram o aparecimento de formas primárias de vida, evoluindo até as formas complexas de hoje.
E aqui há um ponto interessantíssimo em que o Espiritismo avança em relação à explicação meramente científica: a doutrina argumenta que a evolução não está presa somente à genética ou às mutações ao acaso, mas também ao desenvolvimento do espírito, que, ao se aperfeiçoar, influencia na reestruturação biológica das espécies.
5 – As Teorias Bíblicas e o Entendimento Espírita
É inevitável falar em criação e não lembrar do Gênese Bíblico. Nele, há descrições que, se lidas literalmente, levam a entender que o mundo inteiro foi criado em seis dias, incluindo o ser humano, que teria surgido imediatamente pelas mãos divinas, com Adão e Eva como primeiros ancestrais de toda a humanidade.
O Espiritismo, no entanto, propõe interpretações simbólicas desses trechos, apontando que “seis dias” podem representar grandes períodos ou eras, e que a formação do homem a partir do “barro” (ou “limo”) aponta apenas para a constituição física humana com elementos presentes no ambiente terrestre.
Há, ainda, a questão de Adão. Do ponto de vista científico e espírita, seria impossível dizer que ele foi o primeiro e único homem a povoar a Terra, até porque há registros fósseis e antropológicos demonstrando que a espécie humana surgiu em múltiplas regiões e em épocas muito anteriores aos quatro mil anos antes de Cristo.
Portanto, o Espiritismo compreende que a figura de Adão pode ser um símbolo de uma raça ou de um povo com características especiais, ou até de colônias espirituais que teriam encarnado na Terra para ajudar na evolução dos nativos mais primitivos.

Conclusões Finais: Criacionismo, Evolucionismo e a Síntese Espírita
Enfim, quando me perguntam: “O Espiritismo é criacionista ou evolucionista?”, gosto de responder que ele é criacionista quanto à existência de um Deus Criador e evolucionista quanto ao desenvolvimento progressivo das formas de vida e do próprio espírito.
Ao Universo segundo o Espiritismo, Deus não perde sua essência como fonte suprema, mas o processo de formação das galáxias, planetas e seres vivos segue um ritmo natural, com leis bem estabelecidas que podem ser estudadas pela ciência terrena.
Portanto, o Espiritismo:
Concorda com a Bíblia, se considerarmos o caráter simbólico e espiritual de suas passagens, entendendo Deus como Criador de tudo.
Dialoga com a Ciência, incorporando dados como a expansão do Universo, o Big Bang, a evolução das espécies, o surgimento de fósseis e as leis da genética.
Amplia o conceito de evolução, ao afirmar que não há apenas um desenvolvimento físico, mas também uma ascensão moral e intelectual — cada espírito encontra na matéria um suporte para crescer e, simultaneamente, transforma essa mesma matéria, permitindo saltos evolutivos de grande envergadura.
Meu Convite para Você
Antes de encerrar, peço que você reflita: qual é a sua visão sobre a origem do Universo e da vida na Terra? Convido você a deixar um comentário aqui embaixo, compartilhar seus questionamentos, concordâncias ou discordâncias. Esse tipo de diálogo é importantíssimo, pois nos ajuda a expandir a consciência e a abrir espaços para novas descobertas.
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