Neste artigo queremos explorar as justificativas espiritualistas de como a dieta sem carne, ou seja, ser vegetariano, ajuda na evolução espiritual.
Este nosso artigo é baseado nos livros “Vegetarianismo e Ocultismo”, escrito por C. W. Leadbeater e Annie Besant, dois renomados espiritualistas que buscavam refletir sobre os aspectos ocultos do vegetarianismo; e “The Vegetarian Diet: Seven Spiritual Reasons for Vegetarianism” por Sant Rajinder Singh Ji.
Como o esoterismo considera o vegetarianismo? Por que a filosofia esotérica recomenda a prática do vegetarianismo? Qual nosso dever ético com os animais? As respostas a estas perguntas são dadas nestes livros destacando-se a responsabilidade do homem como um agente no mundo e colaborador da Natureza.
Apesar de ter sido escrito entre 1913 e 1920, a abordagem do livro de Leadbeater e Besant permanece atual, pois as leis da Natureza, ocultistas ou não, são imutáveis. Entenda aqui ocultismo como o estudo das leis ocultas da Natureza, que é seu significado real.
Uma vez que todas estas grandes leis da Natureza estão, de fato, operando muito mais no mundo invisível do que no visível, o ocultismo envolve a aceitação de uma visão mais ampla da Natureza do que aquela tomada comumente.
O ocultista, então, é um homem que estuda todas as leis da Natureza que possa alcançar ou sobre as quais possa ouvir, e, como resultado de seu estudo, identifica-se com estas leis, devotando sua vida ao serviço da evolução. Ou seja, ocultista, espiritualista, místico são apenas nomes diferentes para o mesmo tipo de pessoa.
Muitos dos grandes ocultistas, espiritualistas, filósofos, artistas, poetas, escritores e muitas pessoas iluminadas também foram vegetarianos. O grande artista, Leonardo da Vinci, era um vegetariano que tinha grande compaixão. Sempre que via um pássaro engaiolado, pagava ao dono pela gaiola e pelo pássaro. Então ele abria a porta da gaiola e observava o alegre pássaro voar para a liberdade.
Pitágoras, Sir Isaac Newton, Mahatma Gandhi e Albert Schweitzer são apenas alguns exemplos de grandes filósofos, cientistas, humanitários e líderes mundiais que inspiraram outros a adotar um caminho de não-violência em relação a toda a criação.
Abaixo falaremos sobre o vegetarianismo que implica a abstenção de todos os alimentos que imponham a morte dos animais ou atos de crueldade para com eles.
Comer carne vai contra a lei da fraternidade universal
Os seres iluminados ensinaram que os animais também têm consciência ou alma, o que os torna também parte de Deus. Assim, a base espiritual do vegetarianismo é não apenas não tirar a vida de qualquer outra criatura, mas não prejudicar qualquer criatura viva. Se desejamos encontrar Deus, precisamos amar e cuidar de todas as criaturas de Deus. É por isso que uma dieta vegetariana faz parte de uma vida espiritual.
O primeiro ponto a ser observado em favor do vegetarianismo é que ele vai de acordo com a lei de Deus descrita como “Não Matarás”, conhecida desde o início dos tempos, pois comer carne diretamente está ligado ao horrível pecado de desnecessariamente matar animais.
Por esta razão concordo com Besant e Leadbeater que “se você próprio tivesse que usar a faca ou o machado para matar o animal antes de comer sua carne, compreenderia a natureza repugnante da tarefa e logo se recusaria a fazê-la.”
Como não teríamos coragem de fazer isso para ingerir a carne, estamos produzindo uma demanda para cuja satisfação alguém deverá brutalizar-se, alguém irá se degradar abaixo do nível da humanidade para matar um animal e satisfazer sua vontade de comer carne.
“Esta claro que não poderíamos, eu e vocês, comermos carne sem que nós próprios matássemos um animal ou encarregássemos disso outra pessoa; somos, portanto, diretamente responsáveis pela degradação, pouca ou muita, causada no caráter dos homens aos quais impomos esta horrível tarefa, e isto porque somos muito delicados e muito apurados em requintes de finura para, pessoalmente, cumprir tal tarefa”, observa Leabeater, afirmando que isto é uma irresponsabilidade moral de quem come carne para com quem delega o trabalho de matar o animal.
A Energia vem dos Vegetais
O vegetal armazena energia. A conversão da energia solar (luz) em energia química ocorre nas plantas e algas verdes, que dessa forma, sintetizam a matéria orgânica (fotossíntese). Assim, os vegetais são responsáveis pela manutenção das formas de vida na Terra, a partir da energia fornecida pelo Sol.
É do mundo vegetal que todos os animais, direta ou indiretamente, obtêm a energia que é
manifestada através do trabalho muscular e mental pela vida animal. O vegetal constrói; o animal desgasta.
Com isso, pode-se afirmar que os homens são mais fortes e melhores com uma dieta vegetariana. Recordemos que de todas as tribos de gregos a mais forte e a mais resistente, por universal reconhecimento e reputação, era a dos espartanos; e a simplicidade de sua dieta vegetariana é um assunto de conhecimento comum.
A única fonte de energia na carne são as matérias proteicas e a gordura que ela contém, e como a gordura nela contida não possui mais valor do que outra gordura, o único ponto a ser considerado é a proteína.
As nozes, as ervilhas e os feijões são ricos nestes elementos e têm a enorme vantagem de a proteína ser pura e, portanto, conter toda a energia originalmente acumulada durante sua organização.
Annie Besant observa que “se obtivemos alguma nutrição através da ingestão de carne, isso ocorreu porque o animal consumiu matérias vegetais durante a sua vida. Obtém-se menos desta nutrição do que se deveria, pois o animal já usou a metade dela, e ingerimos ao mesmo tempo várias substâncias indesejáveis e mesmo algumas toxinas ativas que são, naturalmente, nocivas.”
O reino vegetal, em termos alimentares, é muito mais rico em nutrientes do que o reino animal. Um ser humano vive muito bem exclusivamente com uma dieta vegetariana, porém terá dificuldades de sobrevivência com uma dieta estritamente animal.
O Vegetarianismo é um estilo de vida natural ao ser humano
Os seres humanos tem se alimentado, em sua maior parte de vegetais, desde muito tempo antes da história registrada. Muitos antropólogos como Hart e Sussmann, no livro “Man, the hunted”, de 2005, concordam que os primeiros seres humanos se alimentava, predominantemente de vegetais.
Além disso, nosso sistema digestório se parece muito mais com o dos herbívoros do que com o dos animais carnívoros. Segundo estes estudiosos, os primeiros seres humanos podem ter comido alguma carne ocasionalmente, mas as plantas formavam a base de sua dieta.
Isso porque o homem não é naturalmente constituído para ser carnívoro e portanto este horrível alimento não é adequado para ele. “Os dentes do homem não têm a menor semelhança com os dos animais carnívoros; e quer consideremos os dentes, os maxilares ou os órgãos digestivos, a estrutura humana assemelha-se estreitamente à dos animais frugívoros. A anatomia comparativa prova que o homem é naturalmente um animal frugívoro, formado para subsistir com frutas, sementes e vegetais farináceos”.
Obviamente, fisiologistas e anatomistas dividem-se em duas correntes com relação às observações dos órgãos humanos. Alguns declaram que o homem possui características pura e claramente vegetarianas (frugívoros). Em contrapartida, existem outros que defendem a posição de que o homem é um ser onívoro, ou seja, com um organismo adaptado tanto para alimentos cárneos quanto vegetais.
O Vegetarianismo esta ligado à longevidade
A revista “National Geographic Brasil”, de novembro de 2005, em sua matéria de capa, “Os Segredos da Longa Vida”, destaca três lugares onde o povo passa facilmente dos cem anos:
- Sardenha, na Itália,
- Ilhas Okinawa, no Japão, e
- Loma Linda, na Califórnia.
Entre as razões citadas pela revista para explicar por que as pessoas daquela comunidade chegam aos cem anos está o fato de que todas ali são vegetarianos.
Leadbeater e Besant chamam a atenção para o erro do consumo de carne de forma contundente: “Existem homens e mulheres considerados moralmente da mais alta categoria, que ainda são induzidos a alimentar-se como as hienas e os lobos, devoradores de vidas, e aos quais tem sido dito que, em suas necessidades dietéticas, está o cadáver de um animal assassinado.”
Até por isso, não é exagero dizer que muitas doenças sérias provêm do hábito de comer carne, que nada mais são do que pedaços de corpos mortos. Nas escrituras antigas dos hindus encontramos uma passagem digna de nota, a qual se refere ao fato de que ali mesmo na Índia, algumas das castas mais baixas, naquele período primitivo, começaram a se alimentar de carne.
A afirmação é de que em tempos antigos existiam apenas três doenças, uma das quais era a velhice, mas que agora, desde que o povo começou a comer carne, surgiram setenta e oito novas doenças. Deve-se lembrar que a carne nunca pode estar em uma condição de saúde perfeita, porque a degeneração começa no momento em que a criatura é morta.
Ser Vegetariano ajuda na meditação
O veganismo e o vegetarianismo são aspectos importantes da espiritualidade. Um dos benefícios espirituais de ser vegetariano é que melhora a meditação. Até por isso, uma das razões espirituais para ser vegetariano é aumentar a meditação.
Na meditação, se desejamos experimentar a nós mesmos como alma, uma dieta vegetariana acelera nosso progresso. Para entrar nos reinos de luz e amor, precisamos desenvolver virtudes éticas. Precisamos ter a pureza de coração pela qual podemos experimentar o Criador. Seguindo essa dieta, desenvolvemos a não violência, o amor e o serviço a outras formas de vida.
Comer carne conduz à indulgência na bebida e aumenta as paixões animais no homem.
O Sr. H. P. Fowler, que estudou e ministrou palestras sobre dipsomania (necessidade incontrolável de ingerir bebida alcoólica) por quarenta anos, declara que o uso dos alimentos cárneos, através da excitação que eles exercem no sistema nervoso, prepara o caminho para hábitos de intemperança em tudo; e quanto mais carne é consumida tanto mais sério é o perigo de confirmar-se o alcoolismo.
Nós Somos o que Comemos
Outra razão espiritual para ser vegetariano é evitar rebaixar nossa consciência espiritual com as vibrações dos animais que ingerimos. Quando comemos um animal, estamos fazendo desse animal uma parte de nós. Estamos ingerindo não apenas o corpo do animal, mas também as vibrações desse animal, bem como seus hormônios.
Ser Vegetariano Ajuda o Planeta
Uma dieta vegetariana apoia o cuidado e o amor pelos animais e um melhor uso dos recursos da terra que são necessários para sustentar a humanidade hoje e para a posteridade.
Em termos de manutenção dos recursos da terra por meio de uma dieta vegetariana, os cientistas explicaram que o grão necessário para alimentar uma vaca a ser abatida como alimento poderia ser usado para alimentar muitas vezes essa quantidade de pessoas.
Ao olhar para a terra e para uma população crescente, a dieta vegetariana oferece um uso mais eficiente de nossos recursos. É uma forma de prestar serviço altruísta ao meio ambiente e ao planeta, pois mais pessoas poderiam ser alimentadas agora e no futuro
Livros Essenciais Sobre o Vegetarianismo e a Espiritualidade:
- C. W. Leadbeater e Annie Besant – “Vegetarianismo e Ocultismo” [Link do Livro]
- Eric Slywitch – “Alimentação sem Carne” [Link do Livro]
- Mohandas K Gandhi – “A base moral do vegetarianismo” [Link do Livro]
- Andrea Franco Lopes – “Por Que Me Tornei Vegetariano” [Link do Livro]