Como Sair da Matrix? O Mito da Caverna Tecnológico como Metáfora para o Despertar Espiritual

Lançado em 1999, o filme Matrix não é apenas uma obra-prima do cinema, mas também um portal para temas como o ocultismo, hermetismo e o desejo de ‘sair da Matrix’. A história explora a natureza da realidade, uma viagem que desafia o espectador a questionar o mundo em que vivemos, provocando reflexões profundas sobre o que é real e o que é uma ilusão.

Introdução

Sucesso arrebatador do ano de 1999 no cinema, “Matrix” misturou teologia, ocultismo, filosofia, ciência, ficção científica, artes marciais e quadrinhos, sendo o início de uma trilogia que revolucionou o cinema em termos técnicos, principalmente nos efeitos especiais inéditos.

A mistura de inovações cinematográficas colocaram o filme na vanguarda de sua época. Além disso, temos referências diversas, tanto em abordagem artística quanto em títulos como “O Mágico de Oz”, “Meu Ódio Sera Tua Herança”, “Alice no País das Maravilhas”, “O Alvo”, ” A Bela Adormecida” e até mesmo a “Bíblia” e os Evangelhos Apócrifos.

Com tantas referências, o sucesso do filme se explica, além da dinâmica vertiginosa, por tocar num tema que é fácil de se identificar: a sensação de não pertencer ao mundo ao qual se está preso, sentindo-se um estranho nele, banal demais para as nossas aspirações espirituais.

Neo Matrix observando código verde, ilusão e realidade simulada

1 – Um Resumo do Filme “Matrix”

O filme narra a história do hacker Thomas, interpretado por Keanu Reeves, conhecido como Neo, que enfim consegue contatar Morpheus, uma enigmática e procurada figura que lhe oferece uma pílula vermelha capaz de lhe apresentar a verdade: todo o nosso mundo é uma realidade simulada por computadores, a Matrix.

O ano real seria próximo de 2199, mas ninguém sabe exatamente. O mundo é dominado pelas máquinas e pelas inteligências artificiais que ganharam a guerra contra os seres humanos. As máquinas agora cultivam os corpos das pessoas em casulos tendo como objetivo obter energia, como se fossemos pilhas, nos mantendo em pequenas capsulas.

Para manter os humanos vivos, inventaram a Matrix, um programa implantando por impulsos neurais, criado para simular a realidade no fim do Século XX, o “ápice da humanidade”. O que sobrou de verdade da humanidade está relegada à cidade subterrânea de Zion, descrita como a última força que ameaça, à priori, a soberania das máquinas.

Até por isso, os Agentes que protegem as máquinas estão atrás de Morpheus, pois ele sabe a localização secreta da cidade e é líder de um grupo de resistência que quer libertar a humanidade das máquinas.

Morpheus acredita que Neo é o messias, o salvador da humanidade, e que ele próprio treinará esse Escolhido destinado a transcender a realidade artificial da Matrix, ganhando super-poderes e destruindo o sistema por dentro.

Ou seja, existe uma forte mensagem inconformista e vanguardista entrelaçada a estratagemas comuns de Hollywood, principalmente nas cenas de ação, nos óculos e nas roupas de couro, num caldo saboroso e consistente oferecido pela sétima arte.

Prisioneiros na caverna de Platão

2 – Matrix: Um Passeio Filosófico, Simbólico e Religioso

Entre a explosão de sequências de ação presentes no filme existem inúmeras questões filosóficas que dão profundidade ao filme. Aliás, não é exagero dizer que “Matrix” funciona com um mito moderno. Quase uma versão tecnológica e revisitada do “Mito da Caverna”, de Platão.

“Você já sentiu como se não soubesse se está acordado ou se está sonhando?” Neo pergunta antes de seguir o coelho branco (uma referência clara ao clássico “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll) ainda no início do filme. Seu interlocutor, numa alusão de como a droga é uma fuga da realidade responde: “O tempo todo. Chama-se Mescalina!”.

Mesmo que o único filósofo citado no filme seja Jean Baudrillard, e seu livro “Simulacros e Simulações”, essa pergunta levantada por Neo logo no início do filme ecoa pensamentos de René Descartes, quando ele questionava os sinais  certos para sabermos distinguir estar acordado ou dormindo.

Como saber qual destes estados é o que chamamos de realidade?

Como garantir que o demônio criado filosoficamente pelo próprio Descartes não existe?

Como podemos garantir que não vivemos numa Matrix?

Essa é uma questão que ainda não temos resposta! Sendo assim, voltemos ao filme.

Após seguir o tal coelho branco o protagonista se vê diante da pergunta que tanto busca a resposta: “o que é a Matrix?” Mais à frente, saberíamos que a Matrix é “uma prisão para a sua Mente”. Bilhões de pessoas vivendo distraídas, mas só funcionando como combustível e alimento de um sistema.

Agora, saindo do contexto do filme faça uma reflexão. Olhe a sua volta, observe as pessoas. Estamos tão distantes disso? O sistema que alimentamos já não depende de fios, ele tem conexão wireless, e já não tem a necessidade de grandiosidade física. Se tornou uma espécie de Leviatã virtual, que escraviza nossas mentes.

Perdoe minha digressão. Foco no filme!

Nesse momento em que abre essa discussão, Neo ainda é Thomas A. Anderson, um programador da empresa Metacontex e hacker nas horas vagas.

O coelho branco o levará até Morpheus, o grande nome entre os hackers, um símbolo de revolução e anarquia, que é responsável por revelar a Neo o que é a Matrix: “A Matrix, Neo, está em todo lugar. É um mundo que foi colocado diante de você para esconder a verdade. É uma prisão para sua mente”.

A questão de onde começa a ilusão e termina a realidade é tão antiga quanto a filosofia, afinal, “é a pesquisa que nos impulsiona”.

Além disso, Neo é um exemplo claro de um “escolhido” que escapa da caverna de Platão, e descobre o que realmente existe além. Isso fica claro na cena simbolicamente mais emblemática do filme, quando ele tem que escolher entre a pílula azul (onde tudo será como antes) e a pílula vermelha (que lhe apresentará a verdade).

Antes da escolha, na cena em que Neo tem que fugir por um andaime, temos uma mostra clara da relutância em sair da caverna causada pelo medo de algo que nem pode efetivamente feri-lo.

Após as escolha pela pílula vermelha a Matrix nos é apresentada.

Descubra a verdade por trás da ilusão com O Mito da Caverna de Platão. Garanta o seu exemplar e aprofunde-se!

3 – O Que Significa Sair da Matrix? Explorando a Realidade no Filme

Assim, Neo se liberta da Matrix numa sequência de quadros rica em simbolismos. Quase como uma passagem pelo Rio Estige, Neo morre para a artificialidade e renasce para a realidade, como um simbolismo também buscado pelos rituais de iniciação de muitas sociedades iniciáticas, ou nas antigas escolas de mistérios.

Morpheus e sua equipe conseguem entrar e sair da Matrix usando receptores implantados em seu corpo e por linhas telefônicas livres, mostrando como suas mentes possuem poder além do corpo na “realidade artificial” da Matrix.

Em dado momento, dentro da Matrix, Trinity irá dizer a si mesma, como se a sua Mente fosse deslocada sobre seu corpo: “Levante Trinity!”. Ela sabe que a única coisa real naquilo tudo é a sua Mente.

Outro símbolo importante na trama de Matrix é a figura messiânica do Escolhido anunciado por uma profecia: “um ser humano retirado da Matrix terá poder para decodificar e vencê-la”.

A antiga lenda da vinda do Messias, que vai libertar a humanidade do mal, simbolizada já no início do filme, pelo crucifixo cravado na parede do cubículo onde Neo é interrogado.

As referências ao cristianismo não acabam ai. Neo é um messias que também ressuscita no final do filme, ao lado de Apoc (seria uma referência ao apocalipse?) e da belíssima Trinity (uma referência à trindade?).

Se você olhar rapidamente em busca de referências bíblicas verá que Zion remete a Sião, a antiga terra dos judeus, e Nabucodonosor é o nome do rei babilônico

E mantendo a tradição cristã do arquétipo messiânico, existe sua contraparte traidora, aqui representada em Cypher. Aliás, Cypher é o emblema da pessoa que não quer sair do sistema, saudoso do conforto na artificialidade da vida dentro da Matrix.

Esse questionamento já havia sido feito antes quando um personagem pergunta: “Não posso voltar, não é?”. A resposta é filosófica: “Não! Mas se pudesse, você realmente iria querer?”.

Cypher é aquele homem que saiu da caverna, mas que prefere retornar, um símbolo de que nem todos estão preparados para a realidade.

Esse primeiro filme tem também um sabor transcendental, com um personagem como o Oráculo, remetendo a mitologia e às religiões orientais.

É justamente o Óraculo quem identifica se Neo é, ou não, o escolhido, mas a confirmação só vem após o espetacular duelo entre ele e o Agente Smith, e o beijo em Trinity.

Alguns diálogos fazem críticas contundentes a nós seres humanos, como quando o Agente Smith compara o comportamento humano como o de um vírus para o planeta, ou ainda na sua observação de que todas as simulações que colocavam as mentes num mundo ideal e “paradisíaco” falharam, pois a humanidade parece necessitar do sofrimento, da desigualdade e de tudo que alimente sua ideia de esperança.

O gato em déjà vu representa no filme a falha na Matrix

4 – A Falha na Matrix: Um Chamado ao Despertar Espiritual e Hermético

Durante a narrativa eletrizante de Matrix, há momentos onde a ilusão começa a se desintegrar – as chamadas “falhas na Matrix”. Esses instantes, como o déjà vu de Neo ao ver o mesmo gato passar duas vezes, são pequenas rachaduras na parede que separa o mundo percebido da verdade oculta.

Essas falhas não são simples erros de programação; elas revelam a fragilidade da ilusão e simbolizam o momento em que o buscador começa a enxergar além das aparências, questionando a própria realidade.

No hermetismo, existe a noção de que a realidade material é apenas uma manifestação da mente divina, um reflexo limitado do TODO, um universo mental onde a percepção humana cria as formas e limites do que chamamos de realidade.

As “falhas” em Matrix representam justamente essas brechas, pontos de fuga que deixam entrever que o mundo físico é uma construção enganosa, uma “prisão para a mente”, como define Morpheus.

O hermetismo nos ensina que “o universo é mental”, e esses momentos de falha são convites a transcender essa mente programada para despertar para a verdade.

Na espiritualidade, esses lapsos de realidade representam o despertar. Como Neo, somos todos chamados a questionar se a vida que vivemos é apenas uma construção confortável e ilusória que alimenta o sistema, ou se existe algo mais.

Essas falhas na Matrix seriam, então, o equivalente a vislumbres da verdadeira realidade, uma espécie de “toque” do universo nos despertando para o caminho da iluminação. Como o buscador espiritual, Neo começa a ver as incongruências do mundo e a sentir a atração por algo além – o chamado para sair da Matrix, para ultrapassar a realidade simulada que prende a humanidade.

Esses momentos de ruptura são, portanto, simbólicos de um processo de iniciação. No momento em que Neo percebe a falha, ele não é mais o mesmo; ele passa a enxergar o mundo sob um novo prisma, com a dúvida constante se está realmente acordado.

No hermetismo, essa jornada do despertar envolve justamente a desconstrução das ilusões e a ascensão a um estado de consciência superior. A falha na Matrix, então, não é apenas um detalhe técnico, mas o despertar para o primeiro degrau de uma longa e difícil subida rumo à verdade, um caminho que só se percorre quando se decide sair da caverna – ou, neste caso, da Matrix.

Sugestão de Leitura: Leia o livro “O Caibalion”, gratuitamente pelo Kindle Unlimited

5 – Hermetismo em Matrix: Reflexões Filosóficas e Espirituais

A pergunta básica deste primeiro filme da trilogia reside em: “Não poderia nossa realidade ser uma simulação feita por um enorme sistema de inteligência artificial?”

Hoje em dia, essa pode ser uma pergunta sem tanto alarde, e até ridicularizada numa sociedade cada vez mais consumista, materialista e menos reflexiva, mas em 1999 ela ecoava quase de forma provocativa e, por que não, alarmante, num mundo em transição para a era digital.

Lembre-se, celulares eram novidade, smartphones apenas projetos e inteligência artificial quase ficção científica.

5.1 – Como o ocultismo e o Hermetismo se revela no filme Matrix?

Voltando à nossa pergunta central, esse foi um questionamento que ecoava na mente de escritores como Philip K. Dick e William Gibson (escritor de “Neuromancer”, outra tácita influência de “Matrix”), assim como um obscuro livro ocultista: “O Caibalion”.

Philip K. Dick talvez tenha sido o primeiro escritor a semear ideias que discutem a possibilidade do que que chamamos de realidade ser uma realidade virtual na cultura pop, aspergindo uma espécie de sabedoria iniciática com relações a estados alterados e dimensões paralelas.

Olhando para “O Caibalion”, ali afirma-se, dentre outras coisas, que “o universo é um palco montado para que alguns seres vivam uma experiência”.

Afinal, um dos princípios herméticos mais conhecidos ali registrados é: “O universo é Mental; ele está dentro da mente d’O TODO”. Este princípio nos leva a concluir que o universo foi criado mentalmente pelo TODO, da mesma maneira que nós criamos nossa imagens mentais.

São conceitos complexos que carecem de reflexão, gerando questões sobre a realidade e que dialogam fortemente com o simbolismo de “Matrix”.

Das páginas d’ “O Caibalion” ainda vale a pena estudar conceitos complexos dos dois polos da Verdade (o Absoluto e o Relativo), de onde se origina o Paradoxo Divino, sobre a relatividade da realidade.

Inclusive, ali, lê-se que

“Os mais adiantados Mestres podem adquirir os poderes usualmente atribuídos aos deuses do homem; e há inúmeras ordens de entes, na grande hierarquia da vida, cujas existências e poderes excedem mesmo os dos mais elevados Mestres entre os homens a um grau imaginário para os mortais”.

Isso nos deixa claro como o filme serve de ALEGORIA para algumas bases do hermetismo.

5.2 – Como o Gnosticismo e o Budismo se revela no filme Matrix?

Um dos maiores herdeiros da antiga doutrina hermética se encontra no ensinamento gnóstico. E se você buscar a mensagem escrita no Evangelho da Verdade, um texto gnóstico cristão encontrado no livro “A Biblioteca de Nag Hammadi”, compilado por James M. Robinson, é possível ver como esses cristãos que viveram entre os séculos II e V acreditavam que acordaríamos do mundo material e perceberíamos que essa não é a verdadeira realidade.

Essa ideia de ilusão para o que chamamos de realidade defendida no roteiro de “Matrix” também é presente no budismo, no conceito de samsara ou maya, que define nossa vida como uma projeção mental criada pelos nossos desejos e nossa personalidade, nos prendendo num ciclo ilusório que nos mantém fora da compreensão da realidade.

Como bem diz o entortador de colher que Neo encontra no apartamento do Oráculo, o segredo para realizar coisas fantásticas é saber que a o mundo a nossa volta não existe.

O estado de Nirvana estaria ligado a superação desta ilusão material.

A fuga deste mundo ilusório estaria ligado ao processo de iluminação, disseminado em diversas correntes esotéricas como um caminho que não pode ser descrito e depende da experiência de cada um para ser percorrido. Assim como “não dá pra explicar a Matrix”, é necessário “ver por si mesmo”, como nos ensina Morpheus.

Voltando ao classicismo filosófico, o próprio Platão, que defendia a saída desta ilusão em que vivemos residindo na filosofia e na educação, completava seu tripé para “sair da caverna” com a iluminação.

A realidade verdadeira está no mundo das formas ou idéias, segundo o próprio Platão, o lugar onde está a essência das coisas, o plano que aparece em diversas correntes ocultistas e religiosas como os Planos de Correspondência do hermetismo, ou os Mundos Visível e Invisível, do Rosacruzes, apenas pra citar dois.

As próprias irmãs Wachowski assumiram o fascínio pela doutrina budista e sua influência na trama.

Nesse ponto, é interessante observar que toda a ação que entremeia essas ideias no filme, com armas pesadas, lutas violentas e situações desafiadoras, são uma perfeita alegoria do árduo caminho da iluminação, onde uma verdadeira guerra é travada dentro de do ser.

É importante lembrar que na Antiga China, os ensinamentos filosófico-espirituais estavam constantemente ligados às artes marciais.

E você? Escolhe a pílula azul ou vermelha?

Conclusão: O que realmente significa sair da Matrix?

Assim como Neo, todos nós nos deparamos com falhas – brechas na realidade que nos convidam a ver além das aparências. Essas rachaduras revelam que há mais por trás do véu da ilusão, um chamado para despertar e buscar a verdade oculta.

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Este é um convite para enxergar o que poucos veem: a verdadeira trama que rege nossas vidas e a essência de nossa missão neste mundo.

Se você sente que há algo além das aparências, que a realidade é mais profunda do que o que está diante de seus olhos, chegou o momento de escolher. Tome a pílula vermelha: descubra quem controla o jogo, entenda como a Matrix opera e liberte-se do sistema que limita sua essência.

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