Protocolos dos Sábios de Sião: Uma Fraude Histórica

Protocolos dos Sábios de Sião. A maior fraude histórica do Século XX, isso é fato. Sem ele o holocausto não teria ocorrido, por exemplo, mesmo que o antissemitismo fosse algo forte na Europa do século XIX. Os apócrifos Protocolos dos Sábios de Sião seriam o registro de um plano para que os judeus se tornassem os donos do mundo.

Durante muitos anos, no início do século passado, esta ideia foi o pilar maior que sustentou a motivação nazista para o holocausto e historicamente é o pontapé inicial para o anti-semitismo moderno ocidental.

Enquanto alguns mantém que o caráter autoral judeu dos Protocolos dos Sábios de Sião pode ser removido do texto ser uma mutilação considerável no teor do programa de subjugar o mundo, outros dizem que eliminar este caráter autoral judeu seria trazer contradições numerosas que não existem nos protocolos como são conhecidos.

A autenticidade dos Protocolos dos Sábios de Sião sempre foi contestada e os dois lados da disputa sempre tiveram seus argumentos para tentar corroborar e justificar sua escolha de lado na discussão. No ensaio The Authenticity of Protocols as Proven By Jewish Tradition, publicado em uma edição italiana dos protocolos, encontramos abundantes evidências de uma influência judaica nas indústrias e nos bancos americanos, bem como na Revolução Russa.

A SUPOSTA ORIGEM NO CONGRESSO SIONISTA

O Congresso Sionista Mundial, conhecido também como O Parlamento do Povo Judeu, é a mais importante reunião judaica  e entre os anos de 1897 a 1901 aconteceu anualmente. Atualmente eles se reúnem a cada quatro ou cinco anos na cidade de Jerusalém.

Alguns estudiosos demarcam este ponto como o marco do Sionismo moderno sendo o primeiro deles presidido por Theodor Herzl, um jornalista austro-húngaro e criador da moderna política sionista, e ocorreu no dia 29 de agosto de 1897, onde, supostamente, ele teria apresentado pela primeira vez os Protocolos dos Sábios de Sião aos delegados presentes. Porém, o documento creditado a ele só foi tornado público em 1903, ao ser parcialmente editado num jornal russo.

Na cerimônia que inciava uma  nova tradição sionista estavam presentes 204 delegados de 15 países e, já no discurso de abertura, Herzl denunciava o antissemitismo que começava a assolar a Europa e tomaria ares negros em poucas décadas, atingindo seu ápice na Segunda Grande Guerra Mundial.

UMA POSSÍVEL FRAUDE NOS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO.

Em 1920, uma dúvida começou a incomodar os adeptos do complô judaico. Alguma mente iluminada conseguiu perceber similaridades, para não dizer plágio, entre os famosos Protocolos dos Sábio de Sião e o livro de Maurice Joly, Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu.

Entrava em pauta uma possível fraude do documento que embasou todo o antissemitismo europeu no início do século e a pergunta natural que surgia era da autoria desta fraude, caso ela fosse comprovada.

OKHRANKA: ENTRA EM CENA A POLÍCIA SECRETA RUSSA

Todas as evidências apontam para a Okhranka, polícia secreta russa. O contexto histórico russo naqueles últimos dias do século XIX não era dos melhores. O país de proporções continentais enfrentava uma crise causada por uma transição que deixava para trás um feudalismo czarista e os problemas desta mudança eram sentidos de maneira latente motivando a alteração da imagem do czar Nicolau II perante o povo.

O engodo para desviar a atenção do líder nacional foi arquitetado pela polícia especial russa e tinha como premissa encontrar um novo culpado para a situação econômica deplorável do país. O alvo mais fácil foram os judeus, visto que o antissemitismo já era até certo ponto comum naquela época e a divulgação parcial dos protocolos sionistas acusavam de maneira sutil, mas indubitável, aos judeus de serem os reais algozes da crise russa.

Como forma de justificar a brutalidade praticada contra os judeus, a autoridade Czarista de Nicholau II alicerçou sua retórica na suposta dominação mundial por parte dos judeus que iriam se aliar aos Franco-maçons para controlar a comunicação do mundo, fomentar guerras e discórdia das nações, além de construir túneis subterrâneos de onde poderiam explodir e destruir os centros populacionais em que pessoas de bem viviam nobremente.

Neste contexto, a Revolução Francesa, o comunismo, o anarquismo e o liberalismo  eram todos ferramentas que seriam utilizadas para atingirem o objetivo máximo. O termo Okhranka (ou ainda Okhrana) é, na verdade, um acrônimo russo para Otdeleniye po Okhraneniyu Obshchestvennoy Bezopasnosti i Poryadka que numa tradução livre seria algo como Departamento para Defesa da Segurança e Ordem Pública e que teve seu período de atividade na Rússia pré-revolucionária e era conhecida como a polícia secreta russa responsável por combater o terrorismo político e atividades revolucionárias de cunho esquerdista.

O modus operandi do grupo era através de infiltrações em uniões trabalhistas, partidos políticos e no corpo editorial de jornais.

Pyotr Rachkovsky e Matvei Golovinski.

Entretanto, a atividade desta polícia secreta recrutada pelo império russo não se restringia aos limites do reino czarista e diversos escritórios foram espalhados pela Europa com o intuito de monitorar atividades revolucionárias e, dentre estes postos, o mais notável para nossa costura na história era o que atuava em Paris, onde estavam Pyotr Rachkovsky e Matvei Golovinski.

A importância de Rachkovsky no curso da história que cerca os mistérios dos Protocolos dos Sábios de Sião é mais do que destacável e ele não é apenas um coadjuvante, pois, sob suas ordens, uma simples busca iria mudar drasticamente o futuro.

Ele ordenou a procura de um talentoso jornalista descendente de judeus russos, que vivia em Paris naquele período e era um ferrenho opositor de Sergei Witte, mestre e patrono político de Rachkovsky, além de ser o todo-poderoso ministro russo das finanças.

Entretanto, o que fora encontrado foi um panfleto que iria trazer consequências históricas. O panfleto tinha cunho político criticando as ações de Witte e era um plágio do texto de Maurice JolySim, a ideia partiu do lado que seria mais atingido no decorrer da história. Podemos dizer que o feitiço se virou contra o feiticeiro de forma irrevogável e sem medir lágrimas e sangue.

O que aconteceu em seguida foi o mais simples. Orientado por Witte, Rachkovsky substitui qualquer simples menção ao nome de seu patrono pelo termo “sábios de sião”. O efeito cascata ganhava mais um impulso e o próximo golpe seria dado por Matvei Golovinski.

Através do estratagema arquitetado por Matvei Golovinski, um reacionário aristocrata russo exilado na França, o czar Nicolau II foi convencido da conspiração judaica, que ainda era embasada por um capítulo de um livro obscuro e antissemita de um escritor alemão. A polícia secreta russa deixou que excertos do livro fossem acessados como verdadeiros documentos sionistas.

SERGEI NILUS

Mais tarde, o escritor Sergei Nilus foi o responsável por redigir a primeira versão integral do que viria ficar conhecido como Os Protocolos dos Sábios de SiãoClaramente os agentes russos responsáveis pela farsa não poderiam prever a tragédia que se seguiria meio século depois.

Os Protocolos dos Sábios de Sião foram publicados por Nilus (que alem de escritor era também um agente da Okhranka) como um suplemento do seu livro intitulado de O Grande e o Pequeno. O pedaço da obra que discorria acerca da conspiração judaica reapareceu com força total em 1917 com uma nova edição revisada e aumentada do livro de Nilus.

O NAZISMO

O livro viajou até a Alemanha pousando nas mãos do filósofo Alfred Rosenberg, o principal teórico do nacional-socialismo e conselheiro de Hitler. Claro que o próximo caminho seria até as mãos de Adolf Hitler que seu tornou seu mais devoto leitor e que, sem dúvida nenhuma, acreditou em tudo que ali estava escrito e sua missão, a partir do contato com a obra, era ser mais inteligente que os sábios de Sião.

Assim, a afirmação de uma conspiração judaica, embasada n’Os Protocolos dos Sábios de Sião, se tornou o motor da propaganda nazista que iria defender o mundo do futuro domínio judeu.

A DESCOBERTA DA FARSA 

Em 16 de agosto de 1921, o jornal inglês London Times demonstrou como os 24 documentos foram copiados, palavra por palavra, trocando somente os personagens originais, de uma sátira francesa do século XIX.

O artigo intitulado A Verdade Sobre os Protocolos: Uma Farsa Literária foi redigido por Philip Graves, um correspondente do periódico londrino na cidade de Constantinopla. O texto publicado no jornal britânico pode ser lido na íntegra  aqui.

Mais tarde, o historiador russo Burtsev produziu evidências que mostravam como os documentos foram tramados como parte de uma campanha czarista para desacreditar os judeus marxistas. Quando Rosenberg se utilizou dos protocolos como cerne do seu livro O Mito do Vigésimo Século, já faziam quatro anos que o jornal londrino havia levantado a hipótese de farsa.

O livro só foi lançado em 1930, na cidade de Munique, quando os alemães já haviam se esquecido que a base da politica antissemita nazista podia ser uma falsificação com segundas intenções.

Leia Mais:

Sugestões de Livros:

Assinar blog por e-mail

Digite seu endereço de e-mail para assinar este blog e receber notificações de novas publicações por e-mail.

E você? O que pensa sobre isso?