Nesses dias onde a espiritualidade e a certeza de que vivemos um período de transição de Eras é perene, ressurge com força a lenda do reino intra-terreno de Agartha, também conhecida como a lenda da Terra Oca.
Introdução
Recentemente terminei a deliciosamente rebuscada aventura de Júlio Verne, intitulada Viagem ao Centro da Terra. Um clássico da literatura universal que narra com detalhes a jornada de um típico gênio acadêmico, de já avançada idade, trato sentimental pouco lapidado para com seu sobrinho que o acompanha na jornada embebido de amor por uma bela donzela.
A expedição ainda conta com o inabalável Hans, um islandês que apresenta uma impassividade onipresente defronte às adversidades do caminho.
Lidenbrock é o nome do professor que detêm a esperança sistemática de desbravar os inanimados caminhos dentro da Terra, partindo de um vulcão localizado na Islândia, com indicações de um tal Arne Saknussemm, dadas em um enigma de difícil solução, acidentalmente atingida por Axel, o sobrinho do obcecado professor.
Após um longo e tortuoso caminho, nossos três expedicionários se deparam com um novo ecossistema nas entranhas terrestres.
Toda a viagem ao cerne terrestre é narrada por Axel, que quase perece por duas vezes no caminho até se encontrar diante de um mar, batizado por seu tio como o Mar de Lidenbrock e descrito pelo narrador como “um verdadeiro oceano com o contorno irregular das costas terrestres, mas deserto e medonhamente bravio”.
Não sendo minha intenção delongar por mais spoilers que possam prejudicar futuros leitores, faço esta introdução por um simples motivo.
Ao iniciar da leitura, me recordei de uma das lendas mais interessantes que tomei contato quando saciava minha curiosidade pós-adolescente com muitas teorias conspiratórias: a lenda de Agartha, ou O Centro Oco da Terra.
UM POUCO DE TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
É fato que Julio Verne se mostrou um escritor além de seu tempo, um visionário, cujas narrativas tangenciam as previsões futuristas, antecipando de modo fictício tecnologias que seriam realidade somente após alguns séculos.
Segundo a teoria conspiratória, o Almirante Byrd (nome sugestivo e suspeito na mesma proporção) teria realizado um voo sobre uma região do Polo Norte ainda não tocada pelo ser humano, onde haveriam montanhas, lagos, rios, vegetação e vida animal (seria essa outra evidência da existência do mítico continente de Hiperbórea?)
Este local seria uma evidência de algo ainda incompreendido por nós e classificaria muito das nossas crenças científicas como obsoletas.
Entretanto, tal descoberta teria sido abafada pelos governantes americanos e não estaria elencada no relatório do tal Almirante.
Esta alegação de conspiração envolvendo um conhecimento geográfico secreto enlaçada à teoria dos habitantes intra-terrenos ficou à cargo de Raymond Bernard, autor do livro “A Terra Oca”.
Este estudioso dos mistérios ocultos, oriundo da França, é formado em direito e versado no misticismo ocidental, além de ser o autor de inúmeros livros de cunho esotérico.
O SOL INTRATERRENO DE RAYMOND BERNARD
Nas páginas de uma de suas obras, Raymond Bernard defende a tese da existência de passagens ao centro da Terra localizadas nos polos terrestres.
Se o Almirante Byrd tivesse encontrado um oásis cercado por um deserto de gelo no polo norte, esta seria uma forte evidência da veracidade da teoria de Bernard.
A tese ainda vai além em suas bases.
Existiria uma bola de fogo no interior do nosso planeta, que por sua vez seria oco, tornado o interior tão iluminado como o exterior terrestre, sendo alimentada por uma fonte de energia ainda desconhecida por nossa civilização.
Como se já não fosse chocante o bastante, nosso teórico ainda apresenta uma nova explicação para a gênese do universo.
No início havia apenas uma grande bola de energia, como um sol de dimensões inimagináveis que se dividiu, espalhando pequenos sóis pelo grande vazio.
Houve a formação das primeiras galáxias, centradas pelos maiores corpos luminosos gerados por esta divisão.
Os sistemas solares seriam formados depois, sem a incidência de planetas que nasceriam a partir dos pequenos pontos luminosos ao atrair matéria enquanto descreviam sua órbita em torno dos sóis maiores.
Na gênese planetária existiria uma formação gasosa em torno destes pequenos sóis, que passaram ao estado líquido e, posteriormente, se solidificando como crosta do planeta.
Esta teoria para a construção da Terra explicaria o fato de termos um sol dentro do nosso planeta.
Raymond Bernard ainda crê que tais evidências da veracidade de sua teoria estão apresentadas nas crostas dos outros planetas do sistema solar, tendo, inclusive, realizado um estudo sobre o planeta Marte onde afirma existir um “sol” intra-marciano.
A teoria da formação do Universos de Raymond Bernard se funde à teoria de Hermes Trimegisto, que versa sobre a formação da Terra a partir de mudanças no estado físico da matéria.
O QUE A HISTÓRIA DO ESOTERISMO NOS ENSINA?
Hans-Dieter Leuenberger, em seu livro “História do Esoterismo Mundial”, nos diz que:
“Na área setentrional do Himalaia, até bem distante no deserto de Gobi, deve haver um sistema bastante ramificado de cavernas subterrâneas, formando uma espécie de reino. Essas cavernas são habitadas por sábios e iniciados que antes viviam na superfície da Terra, mas que, devido ao constante atraso no desenvolvimento da raça humana, ou, segundo outra versão, graças a uma enorme catástrofe ocorrida na região do deserto de Gobi (explosão atômica?), se recolheram a esse mundo subterrâneo. Esses iniciados estariam de posse de uma energia cósmica muito especial, que lhes possibilitou construir esse reino subterrâneo, cujo nome é Agartha e cujo centro é a misteriosa cidade de Schimballah. De Agartha parte uma rede interminável de passagens subterrâneas que percorrem toda a Terra. Diz-se que uma dessas ligações no interior da Terra também existia entre a Atlântida e Agartha. Em determinados pontos, naturalmente mantidos secretos, essas passagens têm uma saída para o exterior, na superfície da Terra, principalmente nas montanhas do Himalaia. Também é mencionado o palácio Potala do Dalailama, em Lhasa. Essas cavernas, portanto, também possuem portais, que em casos excepcionais servem de contato entre os sábios de Agartha e o povo terráqueo. Agartha, com sua cidade subterrânea de Schimballah, também é a sede de um misterioso “Príncipe do Mundo”. Outra corrente tradicional nos conta que, com o passar do tempo, os iniciados de Agartha se dividiram em dois grupos, isolando-se no sistema subterrâneo de cavernas, a fim de usarem a força cósmica misteriosa de modo diferente.”
Já Jonathan Black, em seu “História Secreta do Mundo”, nos leva a entender que Agartha era um reino da Terra que se dividiu em duas vertentes mágicas e que de uma delas, oposta às influências de Atlântida, origina-se o caminho da mão esquerda.
Até por isso, Hans-Dieter Leuenberger, nos alerta para que “o esoterismo, ligado ao nome Agartha, deve consequentemente ficar em segundo plano, em favor das irradiações que nos vêm da Atlântida.”
A tradição nos conta que os iniciados saem espontaneamente do seu refúgio, embora raras vezes e em segredo, para se encontrarem com pessoas escolhidas na Terra.
Além disso, se resgatarmos outra lenda, a do continente mítico de Hiperbórea, teremos em mão um conjunto de ligações interessantes que nos levarão até a teoria ocultista de civilizações intra-terrenas.
Edgard Armond, na obra “Os Exilados da Capela”, nos conta que Hiperbórea era o reino da quinta raça, os Árias, seres de estatura elegante e magnífica, cabelos ruivos, olhos azuis e rosto de feições delicadas.
Exatamente do termo Árias que se deriva a palavara ariano.
Esta seria a última raça do nosso planeta com orientação dos nossos Dirigentes Espirituais planetários e segundo a tradição esotérica, uma elite, sábia e poderosa, dos Árias, foi para debaixo da terra para fugir das alterações geológicas e dilúvios que ameaçavam o continente.
Agartha: UMA COLÔNIA ATLANTE INTRATERRENA?
Ao contrário do que acontece em algumas “adaptações” cinematográficas da obra de Júlio Verne, as evidências de uma civilização “humana” no centro da Terra é apresentada de modo sútil e subjetivo.
Nas páginas de Verne, somos apresentados a alguns seres vivos gigantescos, mas de irracionalidade tenaz e em total acordo com bestas pré-históricas.
Na maioria das versões para a sétima arte, a tal civilização não só existiria, como seria detentora de uma tecnologia muito além da nossa compreensão, misturando o clássico literário com a lenda de Agartha.
O sol que estaria dentro da Terra seria de crucial importância para o surgimento de qualquer forma de vida e aos olhos de Raymond Bernard, o centro da Terra não está privado de vida humana.
O império subterrâneo seria denominado de Agartha, englobando um sem número de cidades, tendo sua sede principal na cidade de Shamaballah.
A população ali presente seria calculada na casa dos milhões e seu governante seria conhecido como o Rei do Mundo.
Este rei teria seu represente na crosta terrestre na figura do Dalai Lama, o responsável por disseminar as mensagens deste governante desconhecido pelos habitantes da superfície.
O contato entre mundo subterrâneo e a superfície seria possível por túneis ainda desconhecidos por nós, situados no Ocidente (mais precisamente no Brasil) e no Oriente (no Tibete, cuja capital Lhasa seria detentora de um túnel que a ligaria a Shamballah).
Os teóricos deste campo esotérico ainda conjecturam sobre a existência de um túnel similar a estes localizado nas câmaras secretas da base da pirâmide de Gizé, servindo de contato imediato dos faraós com os deuses do mundo sob a Terra.
Segundo a lenda, Agartha teria sido colonizada há milhares de anos pelos refugiados da catástrofe que retirou o Reino de Atlântida do mapa terrestre.
Após este êxodo forçado, estes remanescentes da civilização atlante se tornaram pacíficos, desenvolvendo-se espiritualmente e dominando forças da natureza que ainda nos são misteriosas.
Esta tecnologia avançadíssima os teria habilitado construir naves que seriam batizadas por nós como O.V.N.I.’s e se misturariam com as naves extraterrenas que supostamente nos visitam.
Alguns teóricos ainda afirmam que esta civilização tem contato direto com civilizações de outro planetas, por serem mais desenvolvidos.
Outra parte interessante da lenda infere que alguns dos deuses das antigas civilizações seriam emissários deste reino subterrâneo, cujo intuito principal seria ajudar a humanidade a evoluir mais rapidamente e imprimir um sentimento pacifista ao instinto belicoso destes seres.
Alguns destes “aghartianos” estariam em nossos livros de história e mitologia batizados como Rama, Quetzacóalt, Manco Capac, Hermes Trimegisto, Enoch, Zoroastro e Teotiguacán.
Entretanto, a subserviência humana em adorar quem acham superiores nos levam a um culto estéril que não tenta absorver as mensagens de seus mestres, assim como aconteceu às palavras de Buda e Cristo, que só viram a luz da interpretação pacífica há pouco tempo.
De acordo com estudiosos das lendas intra-terrenas, existiriam dois tipos distintos de civilizações.
Além do império pacífico de Agartha, que se localizaria no centro oco do nosso planeta, uma outra sociedade de seres pré-históricos habitaria através de diversos túneis subterrâneos, construídos com o intuito de fugir da radiação da crosta terrestre, por onde viajam veículos muito rápidos, ligando cidades localizadas dentro da crosta terrestre, ou seja, podem existir dois mundos abaixo da superfície: um subterrâneo e ou outro intra-terreno.
A maior parte destes túneis pertencentes a esta civilização subterrânea estaria localizada no Brasil e uma de suas portas para a superfície seria guardada pelo índios Xavantes.
Em Agartha, a “ciência” evoluiu de modo a não existirem mais doenças, sendo um reino atingido somente por seres puros e impresso no onisciente coletivo humano que o batizou de diversas maneiras ao longo de nossa existência: os Campos Elísios, o Éden, o Erdami, a Canaã, Valhalla e o famoso Shangi-la.
O QUE NOS DIZ A CIÊNCIA?
Saindo do terreno das lendas (pois existe muito além do exposto parcamente neste texto assinado por mentes prodigiosas no estudo esotérico), o que a ciência nos diz é pouco para defender ou refutar a teoria da Terra Oca, apesar dos cientistas se mostrarem contrários a ela de modo veemente.
Segundo os geólogos, o núcleo terrestre é basicamente uma bola de ferro e níquel com raio de 3 480 km, cuja terça parte interna é sólida, sendo o restante líquido.
Até a superfície temos mais quase 3 000 km, sendo a crosta terrestre extremamente fina em comparação a estas dimensões na casa do milhar, chegando a no máximo 40 km.
A profundidade máxima que o ser humano conseguiu atingir foi 12 km, empreitada realizada por uma equipe russa que parou a perfuração por causa do calor excessivo que impedia a broca de continuar.
Em 2009, cientistas americanos sugeriram, após intensos estudos, a existência de grandes quantidades de água entre 250 km e 650 km abaixo da crosta terrestre, como previa a obra de Júlio Verne.
Claro, não estamos falando de oceanos ou rios, mas de porções de água em profundidades inimagináveis, que ajudariam na condutividade elétrica do manto terrestre.
Mesmo que sejamos céticos quanto a crença nesta teoria do centro oco, podendo toda esta lenda ser uma interpretação literal de uma metáfora para o auto conhecimento, temos de convir que conhecemos concretamente uma rasa parcela do interior do nosso planeta e tudo o que temos são conjecturas baseadas em ultrassonografia e deduções lógicas, que sejamos honestos, já falhou algumas vezes antes, ou você já se esqueceu que algumas deduções lógicas afirmavam que estávamos no centro do Universo aparados em plano circular?
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