O Caibalion | O Que Está Escrito em Suas Páginas?

“O Caibalion” é um dos principais livros modernos dentro do hermetismo. Pequeno, sucinto, mas grandioso em suas camadas de sabedoria dentro da Doutrina Secreta.

Este livro não apenas formou a base para outros preceitos ocultistas e escolas de artes mágicas, como também desempenhou um importante papel em tradições tão divergentes quanto o pensamento positivo e o Nacionalismo Negro.

A palavra Caibalion é uma corruptela de “Kybalion”, termo que pode ser traduzido como “tradição” ou “preceito manifestado por um ente de cima”. Ou seja, esse livro traria uma tradição maior que nós mesmos.

O título Caibalion compartilha a mesma raiz da palavra Qabala, e muitas das ideias apresentadas neste livro anteciparam conceitos relativamente modernos como a Lei da Atração e das ideias ligadas ao Movimento do Novo Pensamento.

O livro é todo baseado nos princípios egípcios conhecido como Leis Herméticas que foram sistematizados pela primeira vez no ocidente com este formato em 1908, escrito originalmente em língua inglesa.

No Brasil, a primeira edição deste clássico do esoterismo mundial surgiu em 1922, lançada pioneiramente em nosso país pela Editora Pensamento.

O Caibalion - Três Iniciados Resumo

QUEM ESCREVEU O CAIBALION?

Até hoje não se sabe quem realmente o escreveu, sendo normalmente atribuído a três indivíduos autointitulados Os Três Iniciados.

Há rumores que na realidade isso seja apenas mais uma alcunha de William Walker Atkinson, escritor e mentalista norte-americano conhecido também pelo pseudônimo de Yogi Ramacharaka.

William Walker Atkinson (1862-1932) foi advogado, comerciante e editor norte-americano, célebre por seu textos voltados ao ocultismo e um dos pioneiros do Movimento Novo Pensamento na América.

Iniciou-se no ocultismo pelos seus interesses no Hinduísmo e no Yoga, legando cerca de cem obras (o número exato é de difícil definição, devido ao grande número de pseudônimos que utilizava) à posteridade.

Outras teorias incluem como coautores: Paul Foster Case, fundador dos Builders of the Adytum; Michael Witty e Charles Atkins, chefes da Loja Thoth-Hermes da Ordem Alpha et Omega em Chicago; Claude Alexander, mágico e escritor de Novo Pensamento; Claude Bragdon, teósofo e arquiteto; Harriet Case, esposa de Paul Foster Case; Mabel Collins, escritora teósofa; e Marie Corelli, escritora de romances metafísicos

Independente disso, quem o escreveu sob um pseudônimo Três Iniciados alerta sobre o objetivo deste livro

“não é a enunciação duma filosofia ou doutrina especial, mas sim fornecer aos estudantes uma exposição da Verdade que servirá para reconciliar os fragmentos do conhecimento oculto que adquiriram, mas que são aparentemente opostos uns aos outros e que só servem para desanimar e desgostar o principiante neste estudo.”

O CAIBALION É A SÍNTESE DA FILOSOFIA HERMÉTICA

Em suas páginas estão bem compiladas os principais ensinamentos atribuídos a Hermes Trismegisto, o sol central do esoterismo, registradas em obras como “A Tabua de Esmeraldas”, “O Poimandres”, “O Asclépios”, e a “Minerva Mundi” ou “Corê Cosmou”.

+ sobre Hermes Trismegisto neste texto especial.

Inclusive, no primeiro capítulo do livro, “A Filosofia Hermética”, Hermes é referenciado como o “Mensageiro dos Deuses”, tendo vivido no Antigo Egito, em uma de suas primeiras dinastias, quando a atual raça humana ainda estava em sua infância.

O Caibalion” resume a Filosofia Hermética em sete princípios básicos, que conectam os universos esotéricos de diferentes momentos da humanidade, unindo antigos preceitos esotéricos e organizando-os:

“Os princípios da Verdade são Sete; aquele que os conhece perfeitamente, possui a Chave Mágica com a qual todas as portas do Templo poder abertas completamente.”

Seguindo ao longo dos capítulos mergulhamos em algumas informações que não interpretadas à luz dos simbolismos e desapegada dos dogmas religiosos, pode causar um impacto permanente e ser entendida de forma errada.

OS PRINCÍPIOS HERMÉTICOS

O primeiro princípio hermético afirma que

“O TODO é Mente; o universo é mental.”

Por esse princípio inferimos que o universo é um palco montado dentro da mente do criador.

Outro princípio bastante difundido é o Princípio da Correspondência:

O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como está em cima”.

Em suma, por esse princípio percebemos que os planos Mental, Espiritual e Material são análogos e interligados. Quando nos movemos em um plano, reflete nos demais.

Se pudermos manipular um plano para refletir com controle sobre todos os outros por similaridade, temos a MAGIA HERMÉTICA, real intensão dos alquimistas.

A famosa Pedra Filosofal era a capacidade de observar e abstrair da Lei, também amparado pelo Princípio da Polaridade, que é a base da alquimia mental, que se reflete como alquimia emocional.

O sustentáculo do Princípio da Polaridade se apresenta como o Princípio do Ritmoque garante que tudo no universo oscila num movimento ritmado entre os pólos.

Com isso, tenhamos em mento que todos os excessos vão cobrar uma consequência de igual medida.

Aqui vemos uma paridade com os ensinamentos budistas de valorizar o equilíbrio do caminho do meio.

Um desdobramento do Princípio da Polaridade, é o Princípio do Gênero. Ao contrário do que possa parecer, esse princípio não tem nada a ver com sexo, sendo o gênero o elemento fecundador da Vida em todos os planos.

Alguns princípios herméticos são também afinados a descobertas científicas irrefutáveis.

Dois exemplos disso residem nos princípios da Vibração e da Causa e Efeito.

O primeiro, afirma que “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.” De certa forma, Hermes teria há mais de 4000 anos o conhecimento sobre um espécie de generalização da Teoria das Cordas.

Segundo seus ensinamentos, as diferenças entre as diversas manifestações da matéria, energia, mente e espírito resultam das ordens variáveis de vibração.

Tanto que cada um de nós possui um nome interno, que é a frequência em que vibramos entre as frequências mínimas, próximas de zero e as que tende ao infinito. Essa identidade seria uma espécie de endereço vibratório.

Já o Princípio da Causa e Efeito pode ser visto como uma generalização da Terceira Lei de Newton, da ação e reação:

“Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; O Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei ainda não conhecida, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei.”

É por esse princípio que Hermes nos ensina que os planos superiores dominam os planos inferiores, e neste preceito está condensado o tesouro do conhecimento hermético, que em muitas tradições, conhecido como a Lei do Carma.

A REALIDADE

Um dos grandes problemas d’“O Caibalion” é sua densidade dos conceitos condensados em poucas páginas.

Um destes pontos complexos surge com o conceito de realidade:

“Sob as aparências do Universo, do Tempo, do Espaço e da mobilidade, está sempre encoberta a realidade substancial: a Verdade Fundamental”

E não melhora nas próximas linhas:

“Debaixo e dentro de todas as aparências ou manifestações, sempre houve uma realidade substancial. Esta é a Lei”.

Nesses trechos devemos ter em mente que a substância é aquilo que se oculta debaixo de todas as manifestações exteriores, a essência, a realidade essencial. a coisa em si mesma.

E nós, homens, pelo uso do contraste para percebermos o universo não conseguimos observar algo que não seja transitório, mas devemos lembrar que aquilo que é Verdade não deixará de se-lo, pois o que deixa de ser Verdade, nunca foi.

A Realidade seria então o estado real, verdadeiro, permanente duradouro, atual de um ente, afinal.

Ou seja, a realidade vive apenas no presente, pois nada é real, mas que, pelo contrário, tudo é móvel e condicional. Nada é permanente, tudo se transforma.

Desta forma, a Realidade Substancial é nada menos que O TODO, aquele que excede todos os nomes e todos os termos.

RELIGIÃO, TEOLOGIA, FILOSOFIA E METAFÍSICA

Antes de enumerar as verdades conexas e aceitas acerca do TODO, “O Caibalion” nos oferece uma diferenciação de quatro conceitos que parecem entremeados, mas que são diferenciados pelos conceitos de Realidade:

  • religião é um apensa uma realização institucional da existência do TODO, e sua realização para com ele, sendo apenas uma simbologia que te aproxima de Deus
  • filosofia é uma investigação de acordo com o conhecimento das coisas conhecíveis e concebíveis, indo além dos símbolos.

Ambos os conceitos possuem seu princípio na Realidade, não sendo excludentes, pois existem simbolismos religiosos inerentes a necessidades filosóficas.

Os outros dois conceitos são:

  • teologia representa o esforço do homem em atribuir personalidade ao TODO; teorias a respeito dos seus negócios, planos, desejos e vontades, e as apropriações de tudo isso para o ofício dos mediadores entre o TODO e o povo.
  • metafísica investiga as regiões incognoscíveis e inconcebíveis e além dos seus limites, com a mesma tendência da teologia.

Ambos seriam apoios para a mente do homem pelo princípio fora da Realidade.

O TODO

No livro está registrado que a natureza íntima do TODO é incognoscível, pois seria esforço infantil da mente finita compreender o segredo do Infinito: “na essência, o TODO é incognoscível”.

A limitação da mente humana porém, não impede que partes d’O TODO sejam percebidas ao longo da Vida.

O Politeísmo, por exemplo é uma forma de lidar com as partes do TODO  que a nossa razão é capaz de perceber.

Cada um dos deuses de um panteão politeísta seria uma interpretação para as formas da Lei do TODO que conseguimos perceber.

Para muitos, o TODO é que  o chamamos de Deus e o universo não passa de formas mentais deste TODO.

O livro nos oferece aquilo que chama de “Verdades Conexas Aceitas Acerca do Todo”, onde ele nos diz sobre a onisciência, a onipotência  e a onipresença do TODO, SUA imutabilidade. Desta forma, “tudo o que finito, passageiro, mutável e condicional” não pode ser o TODO.

O MULTIVERSO MENTAL

Pelo primeiro princípio hermético, o Princípio do Mentalismo, podemos inferir que o Universo foi criado mentalmente pelo TODO, da mesma maneira que criamos nossas imagens mentais.

O Universo é uma criação mental do TODO e a matéria não é  nada além de força mental coagulada e segundo Hermes, o universo é um palco montado dentro da mente do criador.

Todos os planos, mais densos ou mais leves são formas mentais do TODO, mas o Universo não é o TODOmuito menos foi criado de sua parte ou substância, pois O TODO não pode ser dividido  ou diminuído.

“A Mente  Infinita do TODO”, porém, é a fonte de todos os Universos, sempre manisfestado pelo Princípio de Gênero, um desdobramento do Princípio da Polaridade, sendo o gênero o elemento fecundador da Vida em todos os planos.

A TRANSMUTAÇÃO MENTAL

Os antigos hermetistas possuíam Conhecimentos Internos e Externos (estes sendo o único possuído pelos cientistas modernos). A Transmutação Mental era um destes conhecimentos secretos.

Esse conhecimento, sustentado pelo Princípio do Mentalismo está registrado aqui neste livro da seguinte forma:

“A Mente (tão bem como os metais e os elementos) pode ser transmutada de estado em estado, de grau em grau, de condição em condição. de pólo em polo, de vibração em vibração. A verdadeira transmutação hermética é uma arte mental”

Podemos definir a Transmutação Mental como a arte de transformar e mudar os estados, as formas e as condições mentais em outras.

A ideia básica seria que a transformação que começa na Mente reflete nos demais planos, pois o poder que rege o universo é puramente mental, não se trata de materialismo ou utilitarismo.

No fim do livro ainda temos uma técnica de transmutação mental que bem trabalhada pode trazer resultados impressionantes.

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