Nesta série de artigos, que esta é a primeira parte, queremos narrar a história do esoterismo mundial de forma objetiva e sem aprofundar nos tópicos. Este aprofundamento será feito em artigos específico (às vezes em mais de um) que estarão linkados em azul ao longo de cada texto. Antes de mais nada, é importante estabelecer o conceito de esoterismo.
Com escrevemos nesse texto, esoterismo é uma tradição espiritual milenar da humanidade da qual nos distanciamos com o passar do tempo. Claro que a esse conceito está ligado algo divino e transcendental, que pode vir a ser dominado pelo homem e utilizado em seu processo evolutivo. Desta forma, nada mais natural que o conhecimento esotérico tenha ligações com tradições religiosas.
É interessante observar nessa viagem histórica que nos exatos momentos de mutação dos tempos sempre acontece o mesmo fenômeno: o conhecimento, antes mantido em segredo e reservado a uns poucos círculos esotéricos, de repente se espalha e se torna mais ou menos acessível ao povo em geral.
Esse fenômeno já aconteceu no início da Era de Áries, quando os Vedas dos rishis foram transmitidos por meio da linguagem e, desse modo, puderam ser lidos e compreendidos por todos. No início da Era de Peixes quando alguns avatares vieram à Terra e introduziram um conhecimento iniciático e agora na Era de Aquário com a disseminação (pelas possibilidades tecnológicas de comunicação) de revelações esotéricas e espirituais ainda mais profundas.
Uma Breve História do Esoterismo: Primeira Parte
Os primeiros escritos religiosos da humanidade são de responsabilidade dos rishis, os grandes sábios da tradição pós-Védica do hinduísmo. Seriam eles os compositores dos hinos que compõem os Vedas, o Upanishads, o Ramayana e o Mahabharata, após um intenso processo de meditação onde atingiram a verdade suprema e o conhecimento eterno.
Nesse princípio do esoterismo, surgem os mitos. A diversas formas de esoterismo têm como missão a preservação do conhecimento da mensagem esotérica, no modo mais puro possível, para que possa ser transmitida às gerações vindouras. Os meios mais usados para transmitir essa mensagem são os mitos da humanidade, como Hermes, o deus do esoterismo, do aprimoramento, e Pã, o informe, o rude, da mesma estirpe, por exemplo. Pã é o neto da força cósmica primordial e seu representante no âmbito humano-material”.
Neste âmbito surgem mitos importantes, pois carregam parte da história das diversas raças que habitaram a Terra e tiveram seus ciclos evolutivos, como os Mitos de Atlântida, Lemúria, Agartha e Hiperbórea.
ATLÂNTIDA E AGARTA
Basicamente, todo o conhecimento esotérico que temos hoje é parte da herança de Atlântida, que nos chegou através do egípcios (mais precisamente Hermes Trismegisto), celtas e hindus, por sua vez, organizado e disseminado pelos gregos (que atualizaram os Mistérios Egípcios), judeus (pela cabala), sufis, gnósticos e neoplatônicos.
A primeira referência que se tem sobre a Atlântida encontra-se nas obras do filósofo Platão, que, por sua vez, se fundamenta em antigos relatórios dos sacerdotes egípcios. Apesar de várias investigações, até hoje não pode ser cientificamente confirmado se esse continente de fato existiu ou não.
Outro reino mítico é o de Agarta, um império subterrâneo englobando um sem número de cidades, tendo sua sede principal na cidade de Shamaballah, cuja população ali presente seria calculada na casa dos milhões e seu governante seria conhecido como o Rei do Mundo. Jonathan Black, em seu “História Secreta do Mundo”, nos leva a entender que Agarta era um reino da Terra que se dividiu em duas vertentes mágicas e que de uma delas, oposta às influências de Atlântida, origina-se o caminho da mão esquerda. Até por isso, Hans-Dieter Leuenberger, nos alerta para que “o esoterismo, ligado ao nome Agarta, deve consequentemente ficar em segundo plano, em favor das irradiações que nos vêm da Atlântida.”
HERMES TRISMEGISTO E A HERANÇA GREGA
Hermes Trismegisto é a figura central de todo o esoterismo ocidental moderno, “a personificação do princípio esotérico no limiar entre a época do antigo império egípcio e o helenismo,” como nos diz Hans-Dieter Leuenberger, em seu livro “História do Esoterismo Mundial”. Os ensinamentos de Hermes Trismegisto se baseiam em sete Leis que governam todos os planos da natureza, os sete princípios herméticos, registrados na “Tabua de Esmeralda”.
À medida que o império egípcio decaía a Grécia emergiu como a luz do mundo esotérico e filosófico, construindo um conhecimento cultural que se espalharia pelo mundo no período helenístico por verdadeiros iniciados nos mistérios como Pitágoras (o primeiro grande mestre), Platão e Aristóteles.
Os pensadores gregos e seu povo foram escolhidos como os portadores dos mistérios egípcios, com a missão de retrabalhá-los e resguarda-los para a a próxima era, sem templos maciços e pirâmides gigantescas. Além disso, precisamos dar crédito ao Orfismo e aos Mitos de Eleusis como outro caminho para expansão da consciência advindo da cultura grega antiga.
O JUDAÍSMO E A CABALA
O povo judeu também foi herdeiro do legado dos mistérios egípcios, assim como os gregos. É interessante observar que esses dois caminhos voltariam a se fundir mais à frente no Cristianismo. Os judeus foram os guardiões de uma antiga tradição egípcia, referenciada por grandes ocultistas como a chave decodificadora de todo o ensinamento esotérico: a cosmogonia secreta da cabala.
Moisés tem uma importância para nossa história do esoterismo, pois ele foi criado na corte do faraó e havia cursado a escola dos mistérios dos sacerdotes. Além, é claro, de ser nas suas mãos que Deus entregou as tábuas da Lei. Após sua morte, o povo dirigiu-se para a margem do Jordão, conquistou os povos que ali viviam, construindo uma cidade própria, com seu próprio rei.
O mais poderoso e influente dos seus reis foi Salomão, que construiu um Templo para Deus na cidade de Jerusalém como uma manifestação visível do espírito de Deus ao povo. O Templo de Salomão e sua construção estão no centro do mistério e gênese de sociedades secretas como a Maçonaria e os Templários, por exemplo.
JESUS CRISTO E O INÍCIO DA ERA DE PEIXES
A palavra cristianismo advém de cristo, do grego “o ungido”, e no sentido da religião judaica ele seria o Messias, o elo de ligação entre Deus e os humanos. No mundo cristão esse Messias é personificado por Jesus de Nazaré, o mais importante símbolo da religião e do misticismo ocidental.
As controvérsias quanto a sua real condição de Messias continuam, mas uma análise mais profunda de suas pregações e ensinamentos mostram que ele era um iniciado, um sábio mestre, sendo que sua mensagem original foi deturpada e perdida pela Igreja Católica.
Os esoteristas que pertencem mais ao ramo teosófico, veem em Jesus um grande iniciado, até mesmo o “Mestre” que costuma surgir no início de cada nova época – aqui, portanto, na troca da Era de Áries para a de Peixes. Do Evangelho podemos supor que Jesus conhecia profundamente a lei do karma (ou lei de causa e efeito) e que adotava o ensinamento da reencarnação, como seria explicitado séculos depois por Allan Kardec.
Nos quase trinta anos de sua vida que a Bíblia omite ele teria viajado para o Oriente, para a Índia e, principalmente, para o Tibete, onde recebeu sua iniciação. Outros esoteristas dizem que ele pode ter atingido essa iniciação através da Cabala, sem precisar ter contato com os ensinamentos orientais.
O Avatar Jesus Cristo morreu ao tentar transmitir esses conhecimentos iniciáticos ao povo judeu, motivado pelo fato dele estar revelando conhecimentos profundos, só dominado pelos fariseus, às pessoas simples. Jesus de Nazaré era um esoterista e, portanto, queria que a sua mensagem fosse entendida esotericamente.
Trezentos anos depois da sua morte aconteceu exatamente o oposto: o cristianismo, religião oficial do Império Romano, se transformou cada vez mais numa religião exotérica e vendo-se sob pressão foi forçado a banir tudo o que fosse esotérico de sua doutrina, durante as perseguições que sofreram. Na medida em que o cristianismo passou a ser uma Igreja, tornou-se a base institucional da Era de Peixes e, portanto, também desaparecerá com ela.
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