Helenismo | A Herança Egípcia no Apogeu da Cultura Grega.

Helenismo, ou período helenístico é um período histórico onde a cultura grega se espalhou pelo mundo ocidental ao mesmo tempo que se mesclava à cultura oriental.

No livro “A História do Cristianismo”, o teólogo e historiador Bruce L. Shelley define a “abrangente categoria do helenismo” como “o período de cultura e pensamento gregos que se estendeu desde Aristóteles até o surgimento dos romanos”.

Resumo sobre Cultura Grega e Helenismo

 O primeiro a usar o termo para designar o processo de expansão da cultura grega após a morte de Alexandre, O Grande, foi o historiador alemão Johann Gustav Droysen (1808-1884).

Porém, com o passar do tempo o termo se tornou sinônimo do momento em que os gregos estavam sob o domínio do Império Macedônico e visava uma expansão da cultura grega.

Ou seja, o princípio deste período helenístico se dá quando a Grécia foi dominada pela Macedônia, à época comandada pelo imperador Alexandre Magno.

Durante esse período, a filosofia viu surgir novas escolas de pensamento (como o estoicismo, o epicurismo, o cinismo e o ceticismo), os dramas comuns foram levados ao teatro pela comédia nova, e nomes como Arquimedes de Siracusa (famoso pela expressão eureka e feitos de engenharia avançadíssimos para a época), os astrônomos Hiparco de Niceia e Aristarco de Samos, além de Herófilo, o fundador da anatomia.

Alexandre tinha uma postura diferente dos demais conquistadores. Ao invés de impor sua cultura aos povos conquistados, ele deixava que seus súditos praticassem seus ritos e sua cultura livremente, anexando-a muitas vezes ao pensamento do império, criando uma cultura plural.

Alexandre Magno e seu cavalo Bucéfalo, na Batalha de Isso (333 a.C.). Mosaico encontrado em Pompeia, na Itália, hoje no Museu Arqueológico Nacional, em Nápoles.

Mas com o pensamento grego Alexandre foi além, pois transformou a cultura grega no cerne de seu império, chegando a tornar o grego como língua comum. Porém, o padrão grego e o oriental convivam na cultura helenística.

Seu objetivo político visava a uma síntese das culturas ocidental e oriental. Ele estabeleceu as bases para essa mescla, tanto que durante muito tempo as mais diversas correntes espirituais e culturais se uniram e se fecundaram.

Com isso, ele tornou a civilização da Antiga Grécia  uma das colunas de sustentação da sociedade ocidental moderna.

Junto ao direito romano e à ética cristã, a filosofia grega forma uma espécie de trivium de onde o ocidente floresceu. A Grécia Antiga contribuiu para além da filosofia, com sua arte, literatura, política, lei, tecnologia e linguagem.

O helenismo começou sua derrocada com a morte de Alexandre, O Grande.

Como o imperador não teve filhos, seu império foi dividido entre seus generais: Ptolomeu ficou com o Egito, Fenícia e Palestina; Cassandro recebeu a Macedônia e a Grécia; e Seleuco herdou a Pérsia, Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor).

Mesmo que os três tentassem manter os ideais alexandrinos, em separado, eles não tinham forças para conter a expansão romana que começava a acontecer e logo dominaria territórios como a Síria, o Egito e a Macedônia.

Com a ascensão romana veio o fim do helenismo como período, mas não em influência cultural, pois o cristianismo seria seu herdeiro direto em seus primeiros séculos.

Helenismo: O Império de Alexandre, O Grande.

A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

Ouso dizer que o símbolo máximo do helenismo era a lendária Biblioteca de Alexandria.

Situada na cidade cujo nome homenageava o imperador da Macedônia, este local era uma espécie de centro cultural do mundo antigo, e o principal pólo da arte e da literatura no período helenístico, seguida de perto por Antióquia, outro centro destacável do império, de onde surge um outro nome interessante e do qual já falamos: São Cipriano da Antióquia, ou simplesmente, São Cipriano, o Bruxo.

Estima-se que o acervo da Biblioteca de Alexandria continha mais de quatrocentas mil obras de grandes sábios da Antiguidade.

Segundo Papus, em seu brilhante “O Tarô dos Boêmios”, “a escola de Alexandria foi a fonte principa da qual emanaram as sociedades secretas ocidentiais.”

Existem duas versões para o fim da biblioteca. A primeira e mais difundida na mente popular é a de que a biblioteca foi destruída em 48 a.C. por um incêndio durante a guerra civil romana entre Pompeu e Júlio César e o Serapeu foi destruído em 342 d.C. por ordem de um bispo de Alexandria, quando o imperador cristão Teodósio I interditou os cultos pagãos.

Outra vertente defende que em 642 d.C. o então governante da província do Egito mandou queimar todas as obras que fossem de encontro ao Alcorão.

Porém, outros historiadores já defendem que seu fim foi mais lento e político, com a suspensão de verbas e bolsas para membros da biblioteca, e a expulsão de sábios estrangeiros. Com o tempo restava apenas o estrutura física da biblioteca que havia perdido sua alma.

Esses mesmos historiadores defendem que quando foi incendiada, da biblioteca restavam apenas as ruínas por causa das diversas campanhas militares que ocorriam em Alexandria, e que seus livros foram queimados com o passar do tempo como fonte de energia para aquecer as piscinas termais da cidade.

Somente as obras de Aristóteles teriam sido poupadas.

A Biblioteca de Alexandria foi um símbolo do Helenismo. Seu acervo, estima-se, continha mais de quatrocentas mil obras de grandes sábios da antiguidade. 

HELENISMO: UMA HERANÇA EGÍPCIA NA CULTURA GREGA

A Grécia Antiga deu ao mundo ocidental uma das mitologias mais conhecidas e difundidas não só na Europa.

A religião grega era politeísta e cada um de seus deuses acumulava atributos específicos, quase como arquétipos da figura humana ampliados.

Esse caráter simbólico da Mitologia Grega traz uma carga espiritual tão forte, que é impossível não listar os gregos como herdeiros diretos do pensamento esotérico egípcio.

Assim como o próprio cristianismo que bebeu da fonte filosófica grega, este, por sua vez, se banhou nas águas místicas egípcias.

Uma das evidências mais fortes desta correlação mora nos Mistérios de Elêusis, que eram rituais anuais e secretos que saudavam os deuses e a continuidade da vida, numa representação simbólica de um ciclo de morte e renascimento.

Muitos destes rituais são simulados (pois não se sabe exatamente o que acontecia durante esses rituais misteriosos) até os dias de hoje por sociedades iniciáticas como a Maçonaria, por exemplo.

Historiadores do mundo antigo nos contam que os templos públicos e m lugares como Tebas, Elêusis e Éfeso, da civilização egípcia o colapso de Roma, tinham recintos sacerdotais fechados, conhecidos como Escolas de Mistérios.

À medida que o império egípcio decaía a Grécia emergia como a luz do mundo esotérico e filosófico.

Os pensadores gregos e seu povo foram escolhidos como os portadores dos mistérios egípcios, com a missão de retrabalhá-los e resguarda-los para a a próxima era, sem templos maciços e pirâmides gigantescas.

De forma lúdica, com apreço pela elegância, os gregos cultivavam o espírito e a Mente: “Para os sábios gregos, o raciocínio tinha uma conotação esportiva, associada ao esforço de vestir a profundidade dos pensamentos com uma bela e tênue roupagem. Em virtude desse fato, muitas vezes esoterismo e literatura se fundiam numa coisa só”, escreveu Hans-Dieter Leuenberger.

O primeiro grande mestre grego sem dúvidas foi Pitágoras (582 a 500 a. C.). Fora da grande contribuição para a matemática, seu grande legado reside no âmbito esotérico e teria criado o que atualmente chamamos de ordens, usando uma linguagem esotérica.

Ao que parece, na sua longa vida ele visitou quase todos os países do mundo então conhecido; muitos chegam a afirmar que ele teve aulas com os brâmanes da Índia, para então finalmente passar durante vinte e dois anos por todas as etapas de uma iniciação no Egito.

Futuramente, ao contrário de Pitágoras, Platão usaria uma camada subjetiva para disfarçar os ensinamentos esotéricos em seus textos, que, em geral, traziam dois significados, um exotérico e um esotérico (saiba o significado e a diferença entre esses conceitos nesse outro artigo).

Mais tarde, inspirado por seu mestre, Aristóteles, Alexandre o Grande (356-323 a.C.) plantou as bases políticas para uma simbiose entre as culturas ocidental e oriental: “ele estabeleceu as bases para essa mescla, tanto que durante muito tempo as mais diversas correntes espirituais e culturais se uniram e se fecundaram”, escreveu escreveu Leuenberger em seu essencial livro “História do Esoterismo Mundial”.

E assim, surgia a época do Helenismo, um dos períodos mais relevantes e determinantes para o pensamento esotérico, por sua pluralidade cultural que se espalhava em ramos diversos de conhecimento.

Porém, Leuenberger, no mesmo livro, também nos adverte de que “o legado dos mistérios egípcios não foi confiado apenas ao mundo helênico, mas também – de uma outra maneira, e com outro intuito – ao enigmático povo judeu”.

HERMES TRISMEGISTO: O ELO ENTRE O EGITO E A GRÉCIA

Existe uma lenda que diz que, depois de ter conquistado o império egípcio, Alexandre o Grande descobriu o túmulo de Hermes Trismegisto onde atualmente fica a cidade de Alexandria.

Ao entrar na câmara mortuária, Alexandre descobriu que a múmia de Trismegisto estava deitada com uma tábua de esmeralda nas mãos, na qual estavam gravadas as leis básicas do cosmos: a Tabula Smaragdina.

Ou seja, a Tábua de Esmeraalda, o texto básico de todo esoterismo ocidental! (saiba mais sobre a Tábua de Esmeralda nesse artigo)

Ainda nas palavras de Hans-Dieter Leuenberger, em seu livro “História do Esoterismo Mundial”, Hermes Trismegisto seria “a personificação do princípio esotérico no limiar entre a época do antigo império egípcio e o helenismo.”

De forma ainda mais ampla Leuenberger refere-se a Hermes Trismegisto como

“o deus que descobriu os hieróglifos, os desenhos sagrados da escrita; ele também elaborou o calendário, mediu o tempo e, sobretudo, criou todos os sistemas de medida existentes, englobando todo o conhecimento do mundo num livro misterioso, chamado Livro de Thot.”

Infere-se ainda que Hermes vivera com o Egito sobre o domínio dos Reis Pastores, Iksos, ou Irschu. Ou seja, Hermes teria vivido na mesma época de Abraão , sendo que algumas tradições judaicas afirmam que Abraão adquiriu parte de seu conhecimentos místico de Hermes, e as evidências deste fato realmente existem.

Hermes Trismegisto

Hermes era, na mitologia grega um dos deuses olímpicos, filho de Zeus e de Maia, e possuidor de vários atributos. Foi um dos deuses mais populares da Antiguidade clássica, teve muitos amores e gerou prole numerosa.

Deus autóctone, tudo indica que ele era um cultuado desde o Neolítico, ou como uma importação advinda do Chipre e da Cilícia bem antes do início dos registros escritos na Grécia.

Neste caminho, desde o início pode ser vinculado a atributos xamânicos, ligado à divinação, à expiação, à magia, aos sacrifícios, à iniciação e ao contato com outros planos de existência, num papel de mediador entre os mundos visível e invisível; o mensageiro dos imortais.

Ao longo do Helenismo, Hermes adquiriu um papel importante como imagem do Logos e intérprete da vontade divina, e passou a agir criativamente, assumindo funções de demiurgo, um acréscimo atribuído principalmente aos estoicos, gnósticos e neoplatônicos.

Aparentemente, nessa época o Hermes grego foi amalgamado com o deus egípcio Toth (deus ligado ao tempo, ao destino, à ordem cósmica, à lei, à sabedoria, à cultura e ao conhecimento, à religião e instituições civis, aos rituais, ao oculto e à magia, e era também juiz e guia dos mortos), que veio a florescer na figura de Hermes Trismegisto.

Essa identificação remontava ao período clássico, que os neoplatônicos acreditavam que Platão e Pitágoras haviam aprendido dele, mas a datação aceita pela literatura hermética é bem mais tardia.

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