Maurice Joly e os Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu

“Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu” é uma obra literária de Maurice Joly, publicada em 1864, conhecida por servir de esqueleto para os futuros Protocolos dos Sábios de Sião. A sátira francesa utilizada no engodo russo é de autoria de Maurice Joly e tem o título ácido de Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu.

A obra foi lançada em 1864 e atacava as ambições políticas de Napoleão III, primeiro presidente da França eleito por voto popular, sobrinho e herdeiro de Napolão I. O novo Napoleão já havia sido alvo de uma publicação muito mais famosa quando Marx escreveu seu badalado livro O 18 Brumário de Luís Bonaparte, em 1852.

Maurice Joly, um jornalista embasado no direito, criou um texto onde Montesquieu apresenta o “espírito do direito” enquanto Maquiavel o “espírito da força” e pagou a publicação do seu próprio bolso em Bruxelas, numa primeira edição anônima. O sucesso foi imediato!

Como o próprio título nos diz, trata-se de um diálogo fictício entre dois personagens históricos caracterizados como dois opositores diabólicos no inferno. Esta tática na verdade servia como um véu para encobrir uma ataque direto e ilegal ao poder napoleônico.  Mas sua crítica não foi tão velada e sútil quanto necessário causando-lhe o desgosto de ficar preso por quinze meses e ter livro banido.

A premissa de Joly era simples: o nobre barão Montesquieu faria a defesa do liberalismo e Maquiavel iria apresentar a visão déspota do contexto político da época e assim, Joly poderia comunicar os caminhos secretos em que o liberalismo pode gerar um déspota como Napoleão III.

Olhando um pouco mais para a obra, é interessante notar como Montesquieu é fiel ao pensamento filosófico, afirmando, em suas réplicas, que a força é simplesmente uma acidente na história das sociedades constituídas e que não são os homens que garantem a liberdade, mas sim as instituições e estas se fundam em princípios da legalidade.

Apesar de seu banimento, algumas cópias se salvaram na Suíça, cópias que foram encontradas e recortadas pela polícia secreta russa para servir de base para Os Protocolos dos Sábios de Sião.

A estratégia da polícia secreta russa foi simples no seu trabalho de plágio. Em cada sentença da obra, onde estava colocada a palavra França, a expressão “o mundo” tomava lugar assim como Napoleão era tranquilamente substituído por “os judeus”.

Assim, os planos de dominação de Napoleão III para a França foram substituídos por planos de judeus e as palavras do personagem Maquiavel na obra foram colocadas na boca dos judeus.

Por fim, é interessante mencionar as palavras do próprio autor (anônimo quando de seu lançamento) no início da obra que se tomadas em um outro contexto de dominação judaica ainda fazem sentido:

Este livro tem traços que podem ser aplicados a todos os governos, mas ele tem um objetivo mais preciso: personifica em particular um sistema político que não variou um dia sequer em suas aplicações, desde a data nefasta e já bem distante de sua entronização… Se este livro tem algum valor, se ele encerra um ensinamento, é preciso que o leitor entenda, sem esperar uma explicação.” 

Entretanto, a responsabilidade acerca do que foi degringolado com a divulgação russa não pode ser dada a Joly e sua obra, mas a um outro autor; alemão, antissemita e que desenhou sobre o trabalho de Joly, quatro anos depois, um capítulo onde alguns líderes sionistas se encontrariam num cemitério na cidade de Praga para arquitetar o domínio do mundo: Biarritz, livro escrito por um alemão chamado Hermann Goedsche sob o pseudônimo de sir John Radcliffe.

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