O mito de Adão e Eva é parte importante da cosmogonia das religiões abraâmicas, eles seriam o primeiro homem e a primeira mulher criados por Deus, sendo o centro da crença na humanidade como essencialmente uma única família, com todos descendendo de um par original de ancestrais, narrado no livro de Gênesis.
O primeiro capítulo do “Livro de Gênesis” nos conta dos sete dias da criação de Deus. À partir do terceiro dia da criação, Deus preparou a Terra para receber a Vida, criando o Sol e a Lua como “luminares” e os sinais para marcar estações, dias e anos, além de encher as águas e as terras de animais e vegetação, separando um lugar especial chamado Jardim do Éden, “para os lados do leste”.
No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro: Pisom, Giom, Tigre e Eufrates. Mais à frente no início do segundo capítulo de “Gênesis” temos a informação de que não havia vegetação germinada plenamente sobre a terra quando da criação do Jardim do Éden pois “o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra”.
O Jardim do Éden era onde a perfeição reinava sobre a Terra e o local onde Deus colocou o primeiro homem e a primeira mulher, chamados de Adão e Eva:
“Criou Deus o homem à sua imagem,
à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.”
“Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade.”
Diz o texto Sagrado que no sexto dia da criação Deus teria tomado um pouco de pó do solo e fez com ele um corpo perfeito, de homem e soprando ar em seu nariz concedeu-lhe a vida. “O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.”
Uma das passagens mais importantes deste início da gênese humana, sobre a criação da mulher, é narrada da seguinte maneira:
18 Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”.
19 Depois que formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o Senhor Deus os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome.
20 Assim o homem deu nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais selvagens. Todavia não se encontrou para o homem alguém que o auxiliasse e lhe correspondesse.
21 Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne.
22 Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.
23 Disse então o homem:
“Esta, sim, é osso dos meus ossos
e carne da minha carne!
Ela será chamada mulher,
porque do homem foi tirada”.
24 Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.
Neste segundo capítulo de “Gênesis” temos algumas informações interessantes sobre o Jardim do Éden: “O ouro daquela terra é excelente; lá também existem o bdélio e a pedra de ônix.” Sempre me pergunto qual a importância dessa informação para quem registrou-a.
Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e a Queda de Adão e Eva
O segundo capítulo do Livro de Gênesis termina com o seguinte versículo: “O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha”.
Esse informação será crucial, pois ela será flagrante e denunciativa no evento mais importante para a história da humanidade segundo a Bíblia Sagrada.
Existia uma regra dentro do Jardim do Éden: eles podiam comer todas as frutas das árvores do jardim, exceto uma, senão morreriam: a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, que estava bem no meio do jardim.
Um dia quando Eva estava sozinha no jardim, uma serpente, “o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito”, falou com ela tentando-a para que comesse da Árvore proibida.
O argumento da serpente foi eficiente: “Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal”. Eva comeu primeiro do fruto proibido e depois deu-o a Adão que também o comeu.
Ao comer do fruto “os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se”.
Conforme lemos no terceiro capítulo de “Genesis”, quando Deus viu que ambos se cobriam descobriu a desobediência, amaldiçoou a serpente e o casal perdeu direito ao Jardim do Éden e à vida eterna:
14 Então o Senhor Deus declarou à serpente:
“Uma vez que você fez isso,
maldita é você
entre todos os rebanhos domésticos
e entre todos os animais selvagens!
Sobre o seu ventre você rastejará,
e pó comerá todos os dias da sua vida.
15 Porei inimizade
entre você e a mulher,
entre a sua descendência
e o descendente dela;
este ferirá a sua cabeça,
e você lhe ferirá o calcanhar”.
16 À mulher, ele declarou:
“Multiplicarei grandemente
o seu sofrimento na gravidez;
com sofrimento você dará à luz filhos.
Seu desejo será para o seu marido,
e ele a dominará”.
17 E ao homem declarou:
“Visto que você deu ouvidos à sua mulher
e comeu do fruto da árvore
da qual ordenei a você
que não comesse,
maldita é a terra por sua causa;
com sofrimento você
se alimentará dela
todos os dias da sua vida.
18 Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas,
e você terá que alimentar-se
das plantas do campo.
19 Com o suor do seu rosto
você comerá o seu pão,
até que volte à terra,
visto que dela foi tirado;
porque você é pó,
e ao pó voltará”.
Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher, e então disse:
“Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre”.
Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado.
Quantos anos viveram Adão e Eva?
Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.
Fora do Jardim do Éden, Adão e Eva tiveram muitas dificuldades. Precisavam trabalhar duro, agora eles envelheciam, adoeciam e morriam, assim como seus filhos.
Adão viveu até os 930 anos, mas não registra a idade com que Eva teria morrido. Na verdade, na maioria dos registros bíblicos no Genêsis há somente a idade dos homens.
Quantos Filhos Tiveram Adão e Eva?
Todos os seus filhos nasceram após a expulsão do Éden e apesar de conhecermos mais Caim e Abel, a Bíblia Sagrada nos diz que o casal teve muitos filhos e filhas.
Na tradição bíblica considera-se que Adão teve num total 33 filhos e 23 filhas, sendo que apenas Caim, Abel e Sete foram citados nominalmente, contudo em uma outra obra importante da mitologia hebraica, principalmente para os primeiros cristãos, o Livro dos Jubileus, revela-se o nome de duas filhas.
Sete é considerado como o ancestral de todos os homens justos, sendo dele a linha sucessiva de Noé, logo de toda a humanidade. Ele teria se “casado” sua irmã Azura
Outra filha de Adão e Eva mencionada no Livro dos Jubileus é Awan, que se casara com Caim após o assassinato de Abel e fora com ele para a terra de Nod.
Para o islamismo, tanto Caim quanto Abel, nasceram com uma irmã gêmea, que se tornariam as suas futuras esposas. Segundo o “Livro das Gerações” Seder HaDorot, seus nomes eram Balbira e Kalmana.
Elas, inclusive, fariam parte do descontentamento que gerou o conflito entre os irmãos, já que Caim estava insatisfeito com sua parceira. Porém, Balbira e Kalmana do islã, são identificadas como sendo, respectivamente, a Azura e Avan do Livro dos Jubileus.
Mas isso tudo é assunto para outro artigo, pois foge do nosso objetivo de focar nos escritos da Bíblia.
Observação final sobre a Serpente!
Uma observação final é que em nenhum momento nessa narrativa a serpente é associada a Lúcifer ou sua forma caída, Satanás.
Na verdade, em todo o livro de Gênesis, a única vez que temos citações a anjos caídos é na passagem rápida sobre os nefilins e, mesmo assim, Lúcifer não é citado.
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