Francis Bacon | Primeiro dos modernos, último dos antigos!

Francis Bacon foi pioneiro do que chamaríamos posteriormente de método científico e destacada personalidade na corte da Rainha Elizabeth I.

Foi chamado de “primeiro dos modernos e último dos antigos”ao mesmo tempo em que era, por outros, relegado ao papel de arauto da ciência moderna e jamais seu criador.

Ele foi tradicionalmente situado como um dos fundadores da ciência moderna por motivos que não são exatamente os que lhe garantem tal posição.

Além disso, era acusado de deter graves defeitos morais, ser movido  pela ambição desmedida, e mencionado como um cortesão, adulador e pronto a sacrificar quem fosse para galgar altas posições.

Desta forma, não se pode enaltecer o homem Francis Bacon ao mesmo tempo que não é prudente, pra não dizer inteligente, depreciar o pensador Francis Bacon, afinal sua influência foi gigantesca em pensadores como John Locke e Thomas Jefferson.

Francis Bacon - Primeiro dos modernos, último dos antigos

FRANCIS BACON – O PRIMEIRO DOS MODERNOS E O ULTIMO DOS ANTIGOS

Nascido durante o reinado de Elizabeth I, O jovem Francis Bacon viveu numa Inglaterra efervescente culturalmente e nela teve uma atividade política. Seu pai recebeu o título de nobreza e terras pelos serviços prestados à coroa.

Como oitavo filho de Sir Nicholas Bacon e Anna Cook, Francis nasceu em 22 de janeiro de 1561. Seu tio, William Cecil, lorde de Berghley, foi ministro da Rainha Elizabeth por quatro décadas.

Até por isso, não é exagero dizer que ele herdara do pai e do tio a verve política. Já de sua mãe, absorveu ensinamentos religiosos que apareciam em seu estilo literário, claramente influenciado pelos anos de obrigatória leitura diária da Bíblia, ao lado de Anna Cook.

Ingressa, em 1573, no Trinity College da Universidade de Cambridge, onde desenvolveu, até dezembro de 1575, estudos em filosofia antiga e escolástica. Ao mesmo tempo conheceu a química, geologia, agricultura, mineralogia e metalurgia.

No ano seguinte seria admitido na escola de direito Gray’s Inn, mas interrompe o curso em 1577, com dezesseis anos, quando foi enviado pelo pai à França, para trabalhar com o embaixador Sir Amyas Paulet, e isso deu início à carreira diplomática de Francis Bacon.

Já de volta à Inglaterra em 1579, ele retoma o curso de direito em 1579 e em 1582 passa a atuar como advogado após graduar-se.

Dois anos mais tarde seria eleito para o Parlamento inglês pela primeira vez, iniciando uma carreira que só cresceria até se tornar um conselheiro da coroa. Antes disso, em 1589, se tornaria professor da Gray’s Inn.

Nesse ínterim, Francis Bacon assistiu a três eventos históricos marcantes: a publicação de “A Sombra das Ideias”, por Giordano Bruno; a execução de Mary Stuart (1586) e a derrota da Invencível Armada (1588).

Boa parte de sua ascensão política se deu sob a proteção do Conde de Essex, contra o qual ele colaboraria na execução quando o nobre se tornou opositor da Rainha.

O conde, um pretendente escocês ao trono da Inglaterra, foi acusado de traição e a Rainha delegou a Francis Bacon a responsabilidade de redigir a acusação legal.

Após a morte da Rainha Elizabeth, em 1603, Bacon se tornaria, em 1618, chanceler no reinado de Jaime I, após receber o título de Sir.

Porém, em 2 maio de 1621 foi-lhe tirado o Grande Selo e preso na Torre de Londres, no dia seguinte, sob acusação de ter recebido suborno, da qual foi réu confesso.

O rei James tirou sua condenação, mas a fortune de Francis Bacon diminuía a olhos vistos, afinal ele não baixara seu nível de vida. Este foi seu período mais produtivo para sua obras.

Ele morreria em 9 de abril de 1626, vítima de bronquite.

FRANCIS BACON, MAÇONARIA, ROSACRUZES E A NOVA ORDEM MUNDIAL 

O que nos leva a crer que Francis Bacon levava uma espécie de vida dupla, pois importantes ocultista dizem que, ao lado do Conde de Saint Germain, Francis Bacon formaria a dupla de maiores emissários enviados ao mundo pela Irmandade Secreta nos últimos mil anos.

É difícil de aceitar que Francis Bacon, numa Inglaterra que era a maior potência protestante do mundo e uma continuidade cultural do Renascentismo, tenha passado incólume pelas influencias do ocultismo.

Ainda mais quando o princípio condutor de sua vida era resumido no lema “saber é poder”.

É praticamente impossível que alguém, nesse período, que se dedicasse à química, não tivesse contato com a alquimia, por conseguinte, hermetismo. Ele foi um contemporâneo de Giordano Bruno e assistiu ao frisson  causado pela publicação de “A Sombra das Ideias”.

Não há como negar que ele tinha ligações diretas com a Maçonaria, o Novo Mundo, e uma própria versão da Nova Ordem Mundial. Alguns estudiosos colocam-o como um dos primeiros chefes maçons, principalmente por relações com figuras como Sir Robert Moray e Willian Schaw, figuras centrais na maçonaria de seu tempo.

Muitas teorias ainda alocam Francis Bacon entre os primeiros Rosacruzes alemães, servindo até mesmo como presidente desta ordem em seu início.

Também existe a crença de que Christian Rosenkreuz era um pseudônimo para uma famosa figura histórica: Sir Francis Bacon. Muito do pensamento Rosacruz no seu início veio de um antigo livro preservado ao longo dos anos e que reapareceu na Itália, traduzido, em 1463, o “Corpus Hermeticum”, atribuído a Hermes Trismegisto.

Saiba + sobre Hermes Trismegisto nesse texto especial.

Sendo Francis Bacon um discípulo de John Dee não seria de estranhar o fato de que o “mago inglês” seja fonte de algumas das ideias que alimentaram o rosacrucianismo na Alemanha.

Ele ainda tinha ligações com  Robert Fludd (1547 – 1637), um médico inglês influenciado pelas ideias de Paracelso, uma das fontes de sabedoria no túmulo lendário de Christian Rosenkreuz, que, segundo alguns ocultistas, incluindo Rudolf Steiner, Max Heindel e Guy Ballard, seria a encarnação anterior do enigmático Conde de St. Germain, um místico supostamente imortal e que possuía o elixir da juventude e a pedra filosofal.

Saiba + sobre o mago inglês John Dee, nesse texto especial.

Saiba + sobre o Conde Saint-Germain nesse texto especial.

Quando jovem Francis Bacon recebeu instrução em uma série de assuntos enigmáticos de John Dee, com quem aprendeu a gematria da Cabala, dominando códigos e criptogramas.

Nessa época, ainda como aluno de John Dee, Bacon entrou em contato com uma grande variedade de filosofias e ciências, enquanto viajava pela Europa.

Durante o reinado de Jaime I, sucessor de Elizabeth I e averso a astrologia e ocultismo, Francis Bacon foi cuidadoso no que tangia a esses assuntos, se dignando a ser figura importante no Parlamento e mantendo conexões diretas com a organização das primeiras colônias na América.

Ele via nas viagens de Colombo um simbolismo muito forte, representado no lema “Plus Ultra” (“Mais Além”) incorporado pela coroa espanhola, dentro de seu escudo e armas junto a dois pilares (um dos simbolismos maçons?). Um simbolismo que Francis Bacon incorporou para si.

Francis Bacon foi reverenciado entre os cientistas da Sociedade Real, um reduto de maçons devotados à ciência. Aliás, existia uma grande contribuição mútua entre a maçonaria e a Sociedade Real.

FRANCIS BACON: UM PENSADOR INICIADO?

Acredito que precisamos ampliar o prisma de interpretação e estudo da filosofia, da reforma científica, proposta por Francis Bacon. Não somente pela face da razão científica, mas, também, pela face da filosofia dos Mistérios, dos Arcanos.

Em 1597, uma ano após o nascimento de René Descartes, Francis Bacon publica seu primeiro clássico, “Ensaios”, onde já apresenta o estilo particular, grandiloquente e solene que seria presente em toda a sua obra.

No âmbito da filosofia, Francis Bacon tinha em mente um ambicioso trabalho científico, que frutificava em língua inglesa, e não latim como era de praxe na época.

Em 1620 publicaria a mais famosa de suas obras, “Novum Organum”, onde ele propõe um novo método que:

“Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via de mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis”.

Isso pode soar também como um convite à iniciação além da Razão científica. Devemos pensar que os esotéricos e iniciados escrevem em códigos e símbolos.

Como bem disse Manly Hall nas argumentações de “A Santíssima Trinosofia” do Conde de Saint Germain, “uma iniciação é uma ampliação da consciência para apreciar realidades universais.”

Por esse prisma, podemos dizer sim que Francis Bacon propõe uma iluminação (no sentido esotérico do termo, mas que foi entendido no sentido material do termo), propondo quase um processo hermético de infusão aplicado à metodologia de aquisição de conhecimento por parte do homem.

Pense além do método científico quando ele parece propor“procedimentos ainda não tentados” para realizar “o que até aqui não se conseguiu fazer” tanto para as “criações da mente” quanto as “das mãos”.

Aos meus olhos isso fica nítido quando Francis Bacon diz:

“Que haja, pois talvez seja propício para ambas as partes, duas fontes de geração e de preparação de doutrinas. Que haja igualmente duas famílias de cultores da reflexão e da filosofia, com laços de parentesco entre si, mas de modo algum inimigas ou alheias uma da outra, antes pelo contrário coligadas. Que haja, finalmente dois métodos, um destinado ao cultivo das ciências e outro destinado à descoberta científica”.

Pense que o que antes era ciência oculta, depois pode ser encarado como fruto da Razão científica. Tome como exemplo a Lei da Ação e Reação de Isaac Newton que pode ser vista como um caso particular do que já havia sido proposto como um dos sete princípios herméticos, o princípio da causa e efeito.

Saiba + sobre os 7 Princípios Herméticos nesse texto.

Um olhar mais atento aos aforismos de Francis Bacon presentes no “Novum Organum” nos faz pensar como estamos numa nova situação como a que ele se encontrava, onde as “ciências que ora possuímos nada mais são do que combinações de descobertas anteriores”.

Nas suas palavras, “para que se penetre nos estratos mais profundos e distantes da natureza, é necessário que tanto as noções quanto os axiomas sejam abstraídos das coisas por um método mais adequado e seguro, e que o trabalho do intelecto se torne melhor e mais correto”.

Pense bem, nossa última grande revolução científica foi a Teoria de Einstein. Pense em quantas revoluções tecnológicas tivemos na segunda metade do século XX e quantas revoluções científicas realmente pesadas (como as de Einstein e Newton) assistimos.

Será que não precisamos de uma renovação como a proposta por Francis Bacon para os dias atuais?

Francis Bacon também insiste que não devemos desdenhar nunca a experiência, ela deve andar junto aos princípios da mente. Algo que ele pode ter aprendido com seu mestre, John Dee, que era adepto do princípio do experimento controlado em seus estudos, seja, química, alquimia, ou magia cerimonial.

E ele praticava os métodos que teorizava, onde proclamava uma reforma total do conhecimento humano. Tanto que morreu praticando o método experimental, pois adquiriu bronquite enquanto pegava neve para estudar o efeito do frio na decomposição de animais mortos, em 1626.

Em seu conhecimento científico ele critica os filósofos escolásticos (“inteligencias fortes e agidas”, mas “enclausuradas nas celas do mosteiros e universidades”), que segundo ele permaneciam alheios à realidade.

Por aqui fica claro que uma interpretação diferente, baseada no que conhecemos da vida esotérica do Francis Bacon, nos leva a crer que ele propõe uma reforma tanto no pensamento científico quanto no pensamento esotérico. Uma pista desse fato reside quando ele argumenta sobre os “ídolos do teatro”, no “Novum Organum”.

Isso é observado quando ele ignora tanto os “alquimistas”, “magos”, quanto dos “físicos”, matemáticos, e “médicos”, como “empíricos” donos de um “escasso empenho” que gera um “parco sucesso”.

Estes, por sua vez, buscavam conhecimentos ocultos fora de um sistema coerente e integrado como um todo. Lembremos que “os caminhos do conhecimento se bifurcam quando a prática diverge da teoria.”

Tanto que ele colocava a Cabala como “falsa ciência” (disseminado em sua época, na Inglaterra, para Robert Fludd), tratava Aristóteles como o pior dos sofistas e Platão como um “trocista e teólogo entusiasta”, para explicar sua teoria dos ídolos.

Aliás, a riqueza e a profundidade de sua teoria dos ídolos faz dela uma de suas mais brilhantes contribuições à filosofia, estendendo-se ao estudo da ideologia e da comunicação.

Por isso, ele conclama os acordados aos Mistérios (os “mais animados” e “interessados”), a “ir além”:

“Esses, como verdadeiros filhos da ciência, que se juntem à nós, para, deixando para trás os vestíbulos da ciência, por tantos palmilhados sem resultados, penetrarmos em seus recônditos domínios”.

Bacon defendia o acúmulo sistemático de conhecimento, que devia ser fecundo em resultados práticos, opondo-se ao pensamento grego do valor os conhecimento puramente teórico ou contemplativo.

Aparentemente isso o afasta de pensadores como Giordano Bruno (1548 – 1600) e Jakob Böheme (1575 – 1624). Mas acredito que apenas em método, como vimos na seção anterior, pois em ideias não o vejo assim tão distante. Consultemos o aforismo “L” de sua primeira parte do “Novum Organum”: 

Mas os maiores embaraços e extravagâncias do intelecto provêm da obtusidade, da incompetência e das falácias dos sentidos.

“E isso ocorre de tal forma que as coisas que afetam os sentidos preponderam sobre as que, mesmo não o afetando de imediato, são mais importantes.

“Por isso, a observação não ultrapassa os aspectos visíveis das coisas, sendo exígua ou nula a observação das invisíveis.

“Também escapam aos homens todas as operações dos espíritos latentes nos corpos sensíveis.

“Permanecem igualmente desconhecidas as mudanças mais sutis de forma das partes das coisas mais grossas (o vulgo sói chamar a isso de alteração, quando na verdade se trata de translação) em espaços mínimos.

“Até que fatos, como os dois que indicamos, não sejam investigados e esclarecidos, nenhuma grande obra poderá ser empreendida na natureza.

“E ainda a própria natureza do ar comum, bem como de todos os corpos de menor densidade (que são muitos), é quase por completo desconhecida.

“Na verdade, os sentidos, por si mesmos, são algo débil e enganador, nem mesmo os instrumentos destinados a ampliá-los e aguçá-los são de grande valia.

“E toda verdadeira interpretação da natureza se cumpre com instâncias e experimentos oportunos e adequados, onde os sentidos julgam somente o experimento e o experimento julga a natureza e a própria coisa.”

Na apresentação da versão nacional de “A Sabedoria dos Antigos”, publicada em 2002, pela Fundação Editora da UNESP,  Raul Fiker nos diz que uma das preocupação de Francis Bacon “era encontrar os princípios da doutrina estoica por trás de versões míticas, cuja antiguidade e caráter hermético a dignifica e autentica”.

Claro que Bacon insiste na importância de distinguir entre teologia e filosofia, entre fé e ciência. Mas ele não parece, nas entrelinhas preenchidas àqueles que as sabem ler, pedir nada além de mais seriedade, reflexão e rigor para o acúmulo de conhecimento.

E buscando o testemunho de Plutarco, ele reforça essa impressão quando diz que “os símbolos místicos são bem conhecidos para nós que pertencemos à Irmandade.”

Recorrendo novamente ao livro “A Sabedoria dos Antigos”, nele, Francis Bacon martela o quão absurdo é o fato dos alquimistas transferirem para suas experiências de fornalha os passatempos e brincadeiras dos poetas sobre as transmutações de corpos.

Perceba que ele não condena as “experiências de fornalha” dos alquimistas, que são sua forma de acumular seu conhecimento, mas sim o seu método.

No mesmo livro, ele confessa (“com candura”) partilhar da seguinte opinião: “por sob um número não pequeno de fábulas dos poetas antigos jazem, desde o começo, um mistério, uma alegoria”.

Agora, portanto, recorro ao que escreveu Manly Hall:

“Os homens não se tornam sábios apenas assistindo a dramas sagrados… e sim, entendendo-os. O simbolismo é a linguagem das verdades divinas, uma escrita por meio da qual podem ser insinuadas coisas que, na realidade, não podem ser reveladas.

Que ainda completaria seu raciocínio sobre a importância das alegorias, das fábulas e das parábolas, citando Tertuliano: “O segredo e o silêncio são observados em todos os Mistérios”.

E empresto mais algumas de suas palavras elucidativas para terminar minha visão dos ensinamentos de Francis Bacon:

“Aumentar em sabedoria é aumentar em esclarecimento, pois infere-se que esclarecimento é a iluminação dos recessos internos da razão pela luz do Logos – o sol espiritual. Este desenvolvimento da habilidade de saber por meio da disciplina filosófica é acompanhado por ampliações da compreensão e da apreciação. Essas ampliações são o verdadeiro crescimento da alma que aumenta em direção à inclusividade. Por isso, nos escritos sagrados, esta ampliação da esfera de ação da alma é chamada iniciação.”

Por tudo isso, e por mais que tentasse contrapor pontos dos antigos filósofos, assim como Platão, Francis Bacon era um filosofo iniciado nos Mistérios, nos Arcanos, e dava mostras constantes disso no sub-texto de seus escritos.

Ele inclusive cita Heráclito (quando este disse que “convém que se siga a (razão) universal (ou o logos), quer dizer, a comum: uma vez que o universal é comum”; e completa: “embora essa razão seja universal, a maioria vive como se tivesse uma inteligência absolutamente pessoal.“), para definir o que chamou de ídolos da caverna, e advertindo que “os homens buscam em seus pequenos mundos e no grande ou universal”.

Isso posto, voltemos nossa atenção ao “Novum Organum”. Não há como negar que a maior relevância filosófica está na teoria da indução, que fez de Francis Bacon o arauto da ciência moderna.

Ironicamente, Aristóteles trabalhou com a indução, mas por vias puramente formais, extraindo conclusões gerais à partir de uma coleção de fenômenos particulares.

A diferença da forma de Bacon era a ausência da matemática em sua metodologia científica.

Sua outra grande contribuição filosófica reside na obra inacabada “Nova Atlântida”, um símbolo de contraproposta à “Atlântida” de Platão, uma utopia fora do usual para o conceito.

Nesta utopia de Francis Bacon, a Casa de Salomão seria o exemplo da ciência operativa, exposta em “Novum Organum”.

Para Bacon, a ciência é uma obra coletiva, uma investigação empírica, nascida do contato com o real e não oriunda de teorias afirmadas à priori. A ciência possui sentido eminentemente prático.

Em “Nova Atlântida” está o espírito do Iluminismo, pois Bacon nos oferece uma sociedade impulsionada principalmente por ciência e conhecimento, em que a educação irá erradicar todos os males do homem.

Mas pense na educação multidisciplinar e não esse modelo deficiente, ensimesmado e cético que temos nos dias de hoje. Além disso, não se esqueça que até o misterioso Conde de Saint Germain se autodenominava, além de alquimista e rosacruz, um iluminista.

Por fim, empresto de Bacon os aforismo XLIX  de seu Livro I do “Novum Organum”, e peço que entenda-o e interprete-o por prismas diferentes, levando em conta que cientificamente, ao menos na minha impressão, nunca seguimos, de fato suas ideias, apenas a enxergamos sob as lentes dos próprios ídolos dos quais ele nos advertiu. Ali, ele diz que:

O intelecto humano não é luz pura,  pois recebe influência da vontade e dos afetos, donde se poder gerar a ciência que se quer. Pois o homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; a sobriedade, porque sofreia a esperança; os princípios supremos da natureza, em favor da superstição; a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; paradoxos, por respeito à opinião do vulgo. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.

Talvez eu só esteja distorcendo e corrompendo os ensinamentos de Francis Bacon em favor de minhas “anteriores fantasias”, como ele próprio adverte.

Porém, se assim parece é porque ainda procuro “a justa medida, ou seja, não desprezar  o que é correto nos antigos, sem deixar de lado as contribuições acertadas dos modernos”.

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